O Teatro do Tejo apresenta, na Casa dos Dias de Água, a peça de teatro Insónia, um espectáculo concebido exclusivamente a partir da poesia dos heterónimos Álvaro de Campos e Alberto Caeiro, heterónimos de Fernando Pessoa. Para ver entre 3 e 20 de Novembro, de terça a Domingo, pelas 22h00 horas.
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No palco Cristina Bizarro e José Mora Ramos interpretam duas personagens construídas sobre as palavras do poeta. Numa noite como qualquer outra, duas personagens não dormem.
Há uma mulher que escreve. Não dorme, não espera dormir. Sobre a mesa de trabalho folhas dispersas com poesias simpáticas a dizer que não tem nada para dizer. Através da janela do seu quarto, a realidade, ou talvez a ficção, de uma rua, de um banco de jardim, de um homem que espera à porta de uma tabacaria.
Sentado no banco o homem traça um plano. Relembra o que fez e o que poderia ter feito na vida, os sonhos que sonhou e aqueles que se esqueceu de sonhar. A noite, substância primeira de todas as coisas, matriz de todos os sonhos e de todos os desejos.
Amanhece. A madrugada dissipa as sombras que fazem confundir realidade e sonho. A mulher fecha a janela. O homem entra na tabacaria e compra um maço de tabaco. Quem sonhou e quem foi sonhado?
São duas personagens construídas com os versos do poeta da dúvida existencial, na qual cabe a sua relação com o mundo, com a história, com os outros.
INSÓNIA teve a sua estreia em Agosto de 2003, no magnífico Teatro de Ópera de Ouro Preto, o mais antigo teatro do Brasil ainda em funcionamento, sendo agora apresentado em Lisboa após o grande sucesso de uma digressão por cidades dos estados da Baía e São Paulo e das temporadas em Almada e Coimbra.