Foi ontem apresentado o primeiro avião movido a álcool do mundo. A ideia e o projecto são brasileiros.
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O EMB-202 Ipanema é uma aeronave voltada para o mercado agrícola, capaz de fazer aplicações de insecticidas , fertilizantes ou até mesmo despejar água sobre incêndios em áreas abertas. A empresa brasileira Neiva, avançou para esta solução por causa dos constantes aumentos do preço da gasolina.
O projecto de um avião a álcool nasceu nos anos 80 no Centro Técnico Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos.
Por fora, o Ipanema a álcool é idêntico ao modelo a gasolina, tanto nas dimensões como na capacidade para levar apenas uma pessoa - o piloto. A diferença está no motor Lycoming, de seis cilindros e 300 c.v. , importado dos Estados Unidos. Na fábrica da Neiva, o motor, que originalmente utiliza gasolina de avião, é convertido para álcool (etanol, a 96º) com modificações no sistema injector.
A grande vantagem do modelo a álcool é a poupança que se consegue no combustível.
O avião movido a álcool terá ainda de completar 150 horas de voo para ser homologado pelo Centro Técnico Aeroespacial, para além de testes ao motor, feitos em terra.
O Ipanema a álcool, não tem só um motor alterado, também sofreu modificações nas asas, no tanque, na fuselagem e na mangueira de combustível.
A vantagem do álcool é ter uma taxa de compressão maior do que a da gasolina de avião. O lado negativo é o alto índice de corrosão do novo combustível.
Quem já experimentou garante que o avião voa bem. Mas a corrosão é mesmo o maior problema. Por isso estão a ser usados novos materiais, muitos deles já testados e aprovados pela indústria automóvel.
E é assim que, depois do cheiro a álcool nas ruas e estradas brasileiras, também os céus vão ficar etilizados.