O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, rejeita qualquer «perseguição» a Luísa Mesquita, assegurando que toda a polémica em torno da sua expulsão do partido tem apenas uma explicação, o facto desta responsável não querer abandonar o cargo de deputada.
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Ao rebater as acusações de Luísa Mesquita ao PCP, Jerónimo de Sousa mostrou a assinatura da deputada num documento em que aceita renunciar ou suspender o mandato sempre que o partido o entender, como fazem todos os eleitos comunistas.
Perante esta evidência, Jerónimo de Sousa não tem dúvidas: «Ela não quer mesmo abandonar o lugar. Eu próprio foi substituído, renunciei a um mandato durante anos e não se tratou de nenhuma penalização política, aliás, acabei por ser secretário-geral do PCP, embora não pensasse nisso».
Jerónimo de Sousa salienta por isso que não existe nenhuma «perseguição política» a Luísa Mesquita.
«A proposta que fizemos a Luísa Mesquita foi de grande seriedade, salvaguardando o seu estatuto material, procurando que a sua intervenção política se mantivesse designadamente na autarquia», afirma.
A deputada argumenta, por seu lado, que o PCP lhe prometeu que ficaria até ao final do mandato na Assembleia da República.
Jerónimo de Sousa contrapõe, dizendo que não há excepções no PCP: «Se tivesse esse dado como garantido quando fiz a declaração pública, designadamente aqui na Assembleia da República, perante os senhores jornalistas, obviamente sofreria um desmentido e Luísa Mesquita viria ter comigo dizer que isso não correspondia à verdade».
«Não havia a possibilidade de fazer uma excepção, desde o secretário-geral a qualquer um dos deputados do grupo parlamentar, todos os eleitos do PCP, se regem por este princípio», acrescenta.
O secretário-geral do PCP salienta também que outros deputados até de grande prestígio aceitaram as condições que o partido impôs à deputada agora em rota de colisão com o partido, como foi o caso de Octávio Teixeira, Odete Santos, José Manuel Maia e Abílio Fernandes.
Interrogado sobre as anunciadas demissões de dois autarcas de Santarém solidário com Luísa Mesquita, Jerónimo de Sousa afirma compreender «as solidariedades e interdependências autárquicas», mas frisa que «o PCP não
pode funcionar como um grupo de amigos».