A substituição de José Lello, na Secretaria de Estado das Comunidades, e de Rui Pereira, no SIS, são as últimas incógnitas a esclarecer para que a crise provocada pelo caso da Fundação para a Prevenção e Segurança fique para trás.
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A substituição de José Lello na Secretaria de Estado das Comunidades e de Rui Pereira no SIS são as últimas incógnitas a esclarecer para que fique para trás a crise provocada pelo caso da Fundação para a Prevenção e Segurança (FPS).
Menos de 24 horas depois de o primeiro-ministro ter reafirmado na Assembleia da República a sua confiança no ministro do Desporto e no secretário de Estado da Administração Interna, Armando Vara e Luís Patrão demitiram-se do governo.
Na origem desta turbulência no interior do PS e do governo, que na opinião dos partidos da oposição fragilizou António Guterres, está a polémica criada à volta da FPS, instituição que, apesar de ser privada, recebeu subsídios do Estado para promover, designadamente campanhas publicitárias.
As demissões de Armando Vara e de Luís Patrão juntaram-se à renúncia de Fernando Gomes do cargo de embaixador de Portugal na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), com sede em Paris.
Entre quinta-feira e sexta-feira, os socialistas perderam dois membros do governo e vêem um ex-ministro desistir do lugar na OCDE para que havia sido convidado pelo Governo e no mesmo dia em que o decreto da sua nomeação foi publicado oficialmente.
Quarta-feira, Fernando Gomes afirmara, na Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, ter alertado o primeiro-ministro António Guterres para a alegada falta de transparência da Fundação (FPS), instituição privada subsidiada pelo Estado e que integra assessores do agora ex-ministro Armando Vara.
A FPS está a ser alvo de investigações por parte da Procuradoria Geral da República (PGR), após esta entidade ter recebido uma queixa na terça-feira. A abertura do inquérito pela PGR significa que a queixa apresentada contém "eventuais indícios ilícitos".
As demissões de hoje de Armando Vara e Luís Patrão - um dia depois do aceso debate parlamentar - foram consideradas tardias pela oposição, para quem o primeiro-ministro ficou fragilizado.
Na carta que enviou ao primeiro-ministro, Armando Vara justificou a demissão do cargo pela «fortíssima campanha» de que foi alvo para «pôr em causa» a sua credibilidade política.
Luís Patrão assinalou ter procurado exercer o cargo «da forma mais cabal e eficaz» e justificou a demissão por considerar que não tem «condições políticas» para continuar em funções.
Os presidentes dos três maiores clubes portugueses, FC Porto, Benfica e Sporting, lamentaram a saída do titular do Desporto, salientando que a mesma pode comprometer a organização do Europeu de Futebol de 2004.
As saídas do ministro da Juventude e Desporto e do secretário de Estado da Administração Interna conduzirão à segunda alteração do elenco do Governo, desde a última remodelação governamental há pouco menos de três meses.