O Tribunal de Ílhavo decidiu hoje interromper o julgamento do crime «satânico» ocorrido na localidade, considerando que era legítimo aguardar pelas provas requeridas pela defesa. Esta decisão adia a resolução do caso para 21 de Fevereiro.
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O colectivo de juizes do Tribunal de Ílhavo decidiu hoje interromper o julgamento do crime «satânico» ocorrido na localidade, considerando que era legítimo aguardar pelas provas requeridas pela defesa, para que esta pudesse delinear melhor a sua estratégia.
O colectivo, presidido por Paulo Valério, interrompeu o julgamento por não estar na posse do relatório psiquiátrico do filho do casal assassinado e da contra-prova de DNA pedida pela defesa.
Um médico e a esposa foram assassinados em Agosto de 1999 na sua residência, em Ílhavo, num crime que a própria Polícia Judiciária admitiu estar ligado a rituais litúrgicos e pelo qual se sentaram hoje no banco dos réus o filho do casal, a antiga companheira e um amigo, todos eles ligados a uma corrente musical identificada com temas mórbidos.
Contrariando a tese defendida pela procuradora Ana Paula Pereira, para quem os resultados dos exames periciais «estão por dias» e não impediriam o início da produção de prova, o colectivo acolheu a pretensão de dois advogados de defesa, interrompendo o julgamento até 21 de Fevereiro.
Embora admitindo que a falta dessas provas «só por si não será impeditivo da continuação do julgamento», o Tribunal entendeu que «a defesa pode ter interesse em delinear desde já determinada estratégia, e assim é legítimo que queira aguardar por tais resultados».
Em causa está o exame psicológico a um dos arguidos, o filho do médico assassinado, o qual já foi realizado, mas cujo relatório ainda não foi entregue, e os resultados de novos exames genéticos(DNA) requeridos pelo advogado de outro dos arguidos, que dentro de alguns dias deverão estar prontos.
Manuel Maria Cantista e Videira Murta, advogados de dois dos arguidos, requereram a interrupção, afirmando-se convictos de que «os novos dados poderão ditar o desenvolvimento da produção da prova».
«As declarações do principal arguido, a serem prestadas, serão sempre um ponto fundamental», salientou Manuel Cantista, referindo a importância do relatório psiquiátrico para o Tribunal avaliar a extensão do seu depoimento e para a defesa dos outros arguidos saber em que linha lhe pode ser dado crédito.
Por aquele advogado foi também requerida nova prova de DNA.
A demora no conhecimento dos resultados aos testes de DNA levou a que, só passado quase um ano sobre a data do duplo homicídio, a polícia viesse a prender um jovem do Porto por alegada participação no crime, aguardando desde então o julgamento na prisão.
O seu advogado, um dos que preferiu o «adiamento», disse que é do interesse do jovem o rápido julgamento, porque este está detido.
O Julgamento vai prosseguir nos dias 21, 22 e 23 de Fevereiro.