A primeira sessão do julgamento do processo Casa Pia, iniciada esta quinta-feira, já terminou e vai prosseguir no próximo dia 2 de Dezembro no Tribunal de Monsanto.
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A juíza que preside ao julgamento do processo Casa Pia, Ana Peres, anunciou, esta quinta-feira, que pediu uma sala no Tribunal de Monsanto para realizar as audiências.
O pedido foi aceite e o julgamento vai prosseguir naquele local, onde o maior afastamento do centro de Lisboa, permite uma menor afluência de populares.
À saída do tribunal, no final da sessão, o advogado de «Bibi», José Maria Martins afirmou que a «sessão correu bem» e que Carlos Silvino «está um pouco nervoso», mas que «não é nenhum demente».
Advogado de «Bibi» pede afastamento de Granja
José Maria Martins pediu também, esta quinta-feira, o afastamento de Adelino Granja da defesa de «Joel», o aluno da Casa Pia que apresentou a primeira queixa sobre abusos sexuais de menores naquela instituição.
Para o advogado de «Bibi», trata-se de uma questão «deontológica» já que o advogado Adelino Granja, um ex-aluno da Casa Pia, «também foi vítima» e devia, por isso, ser«testemunha» do processo.
Advogado de «Joel» acusa advogado de «Bibi»
Em resposta, Adelino Granja, acusou o defensor do arguido Carlos Silvino de o querer afastar do processo e de lhe mover uma perseguição pessoal.
«É uma situação persecutória do José Maria Martins contra a pessoa de Adelino Granja. É um caso pessoal» disse Adelino.
Adelino Granja considera que «não há ilegalidade» na sua posição de advogado de defesa de «Joel», cuja mãe apresentou queixa contra Carlos Silvino («Bibi»), por abusos sexuais sobre o filho, em Setembro de 2003.
Os restantes advogados do processo não comentaram a questão levantada por José Maria Martins ou pretendem que seja a Ordem dos Advogados a pronunciar-se.
MP pediu separação de processos de Pedroso e Herman
Nesta primeira sessão do julgamento da Casa Pia, dedicada na íntegra a questões processuais, o Ministério Público pediu a separação dos processos de Paulo Pedroso e Herman José relativamente ao caso de pedofilia na Casa Pia.
No que respeita aos arguidos Carlos Silvino, Manuel Abrantes, Hugo Marçal, Francisco Alves e Gertrudes Nunes, o Ministério Público pediu igualmente a separação na parte dos crimes que lhes são imputados na acusação, mas que o não foram no despacho de pronúncia.
O requerimento foi apresentado por João Aibéu, que representa o Ministério Público (MP). No final da sessão de hoje a juíza titular do processo, Ana Peres, não se pronunciou sobre esta questão.
Relativamente ao arguido Francisco Alves, que está pronunciado apenas pela posse de arma proibida, o MP pediu também a separação de processos por ser «patente e flagrante a violência que resultará para este arguido de ser sujeito a um julgamento previsivelmente tão extenso e moroso com base numa factualidade tão restrita».
O arqueólogo subaquático, interrogado pelos jornalistas, disse concordar com o pedido, adiantando que sempre tinha defendido esta opção e sobre o processo limitou-se a afirmar que «a procissão vai no adro».
Advogado de Carlos Cruz discorda de separação de processos
Sobre a separação dos processos de Paulo Pedroso e Herman José, o advogado de defesa do apresentador Carlos Cruz, Serra Lopes, manifestou-se contra.
«Tudo isso é jogar no incerto porque não sabemos qual vai ser a decisão da Relação», justificou Serra Lopes, referindo-se ao recurso apresentado pelo MP, que discordou da decisão da juíza de não levar a julgamento o deputado Paulo Pedroso e o humorista Herman José.
O advogado adiantou ainda que a primeira sessão foi pautada por vários problemas de requerimentos e esclarecimentos.
Questionado pelos jornalistas sobre alegadas tentativas para adiar o julgamento, Serra Lopes afirmou: «Não creio que tenha havido ninguém com vontade deliberada de retardar».
«Era preciso esclarecer coisas que estavam pendentes. Isto é um processo que já vai nas vinte e tal mil páginas», acrescentou.
O processo de pedofilia na Casa Pia envolve sete arguidos, por crimes de natureza sexual contra 32 alegadas vítimas, e o arqueólogo Francisco Alves que vai responder por posse ilegal de arma.