Várias dezenas de lojistas da cidade do Porto e dirigentes da Associação dos Transportadores Rodoviários exigiram hoje à tarde, em protesto, medidas compensatórias devido ao atraso das obras da Porto 2001.
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A Associação de Comerciantes do Porto (ACP) reivindicou hoje, juntamente com dirigentes da Associação dos Transportadores Rodoviários (ANTROP), na Avenida dos Aliados medidas compensatórias, pelos prejuízos causados devido aos atrasos nas obras da Porto 2001, entre as quais os estacionamentos gratuitos e a indemnização dos largos milhares de contos de prejuízo acumulado.
O presidente da Câmara Municipal do Porto, Nuno Cardoso, já fez saber que é «completamente inviável», o pagamento, pela autarquia, de indemnizações aos comerciantes afectados pelas obras na cidade.
Nuno Cardoso falava numa audiência concedida aos lojistas da cidade que se manifestaram durante a tarde, e deixou a garantia de que a autarquia vai ter outra atitude nas obras que ainda faltam concluir e que as coisas nunca correram como estavam previstas.
Nuno Cardoso reconhece que nada aconteceu como estava previsto
«Esperava mais dinâmica nas frentes de trabalho. Há dificuldades dos empreiteiros em mobilizar recursos. Nunca aconteceu com as obras da Porto 2001 o que estava programado. Assumimos tudo o que acontece na cidade, mas as obras na baixa e os seus prazos de conclusão são da responsabilidade e competência da Porto 2001», afirmou o autarca.
Nuno Cardoso acaba por reconhecer que as coisas não foram bem feitas e são inadmissíveis, como situações de frentes de obra sem ninguém a trabalhar.
O autarca, que durante quase toda a tarde se recusou a receber os comerciantes, considerou hoje de manhã que a sua manifestação era uma «uma atitude suicida», por «estar a afastar assim as pessoas da baixa».
Nuno Cardoso diz que a ACP tem tido sempre uma atitude negativa ao «falar do caos» e da «impossibilidade de os portuenses se dirigirem à baixa».
Na reunião com Nuno Cardoso, a presidente da ACP, Laura Rodrigues, adiantou que, embora sem prejuízos quantificados, vai pedir à Assembleia da República, logo no início de 2001, um regime de excepção que permita de algum modo compensar os lojistas pelos danos sofridos.
À saída da reunião, Laura Rodrigues referiu que, por causa do tempo e das actuais condições, não acredita no Porto 2001, «Sinceramente, não acredito na Porto 2001, embora quisesse acreditar», afirmou.
Os comerciantes dirigiram-se depois para o Governo Civil do Porto onde foram também apresentar, ao representante do Governo, as suas reivindicações.
ANTROP juntou-se aos protestos
À manifestação dos comerciantes juntaram-se, individualmente, membros da ANTROP que bloquearam a passagem na Avenida dos Aliados com as suas camionetas também em protesto contra os prejuízos que afirmam ter. Um funcionário da empresa J. Espírito Santo garantiu que os prejuízos da empresa chegam já aos 30 mil contos por mês.
«Estamos aqui para fazer força para que as obras avancem mais depressa e para que a câmara nos deixe circular de novo na Avenida dos Aliados», afirmou Joaquim Vieira.