Durante um interrogatório de cerca de 12 horas, o capitão do «Prestige» lançou várias acusações às autoridades espanholas. Apostolos Mangouras diz que propôs ancorar o navio numa zona tranquila para bomber o combustível. Espanha não deixou e empurrou-o para alto mar.
Corpo do artigo
O capitão grego do petroleiro «Prestige», Apostolos Mangouras (na foto), quis impedir que o navio fosse à deriva, ancorando o «Prestige» a «3,5 ou 4 milhas da costa» com o auxílio de duas âncoras de 325 metros de comprimento, anuncia o jornal galego «La Voz de Galicia».
As autoridades espanholas rejeitaram a ideia e «mandaram-no para o largo. Aí, a fenda abriu-se muito mais. Foi um erro afastar o navio, era preciso conduzi-lo para um local calmo e, aí, retirar a carga», disse Apostolos Mangouras ao ser interrogado pelo juiz de instrução de Corcubion (Galiza, Norte) Javier Collazo e a Procuradora Beatriz Pacios.
Propôs também, por duas vezes, aos rebocadores que o socorriam, que tentassem manter o navio fixo a algumas milhas da costa enquanto esperavam que o mar acalmasse. A cada proposta recebeu uma resposta negativa, segundo o capitão que afirma não saber qual o motivo das recusas.
Associações ecologistas, a oposição socialista e numerosos habitantes da Galiza questionam desde o início da crise a decisão do governo de afastar o navio, considerando que esta escolha agravou a catástrofe.
Por seu lado Madrid defende-se, alegando que agiu de acordo com os conselhos de peritos e para evitar uma «catástrofe económica» na Corunha.
Apostolos Mangouras reconheceu, durante o interrogatório, que teve momentos de pânico, admitindo não saber se o seu navio respondeu a todos os apelos da Torre de Controlo de Corunha.
O capitão grego deu conta de uma crise nervosa do seu chefe de máquinas, «ele começou a ter a ideia fixa de que os navios de socorro internacionais iam atacar o Prestige, assassinar a tripulação e roubar a carga».
Em detenção preventiva desde 17 de Novembro, Apostolos Mangouras, 68 anos, é acusado de não ter colaborado com os serviços de socorro, bem como de um delito de poluição da natureza.