A maioria das mulheres portuguesas pretende votar a favor da despenalização do aborto no referendo de 11 de Fevereiro, de acordo com um estudo realizado pela Associação para o Planeamento da Família (APF).
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Um inquérito realizado junto de duas mil mulheres de norte a sul do país concluiu que 75,1 por cento das mulheres que já fizeram abortos pretendem votar a favor da despenalização e que 16,7 por cento destas não pretende participar na votação.
No entanto, o estudo salienta que 8,2 por cento das mulheres que já abortaram tencionam votar contra a despenalização.
Entre as mulheres que afirmam nunca ter interrompido voluntariamente a gravidez, 53,4 por cento pretendem, porém, votar a favor da despenalização, 24,8 por cento contra e 21,9 por cento não votam.
No total, o inquérito revela que 56,5 por cento das mulheres são a favor do sim, 22,4 por cento do não e 21,1 por cento vão abster-se.
O grau de instrução das inquiridas revela ter algum peso na intenção de voto: a maioria das mulheres que pretendem votar a favor da despenalização tem o ensino superior, ao passo que entre as que são contra a despenalização, a maioria tem o ensino básico.
No que respeita à religiosidade das inquiridas, as defensoras da despenalização são na grande maioria praticantes ocasionais ou ateias.
Entre as praticantes frequentes, há um maior número de mulheres a pretender votar contra, mas é também neste grupo que se encontra menor discrepância entre as diferentes intenções de voto.
O estudo revela ainda que a maioria das mulheres concorda com o aborto quando a gravidez não é desejada, sendo que perto de metade (48,5 por cento) das inquiridas que defendem esta posição nunca abortou.
Quase todas, quer tenham já interrompido ou não uma gravidez, defendem a sua prática nos casos já previstos na lei (saúde da mulher em risco, malformação do feto ou violação).
Face à actual legislação, o inquérito conclui que 62,4 por cento das inquiridas consideram que esta devia ser mais alargada, contra 29,8 por cento que entendem que não devia ser alterada e 7,8 por cento que queriam que fosse ainda mais restritiva.
Este estudo base sobre as práticas do aborto em Portugal será apresentado quarta-feira na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa.