Pelo menos 32 crianças, quase todas com menos de 15 anos, morreram num atentado suicida com uma viatura armadilhada em Bagdad. Uma média de cem civis morrem, todas as semanas, em atentados no Iraque, desde o fim oficial da ofensiva militar norte-americana.
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O bombista suicida fez explodir a viatura armadilhada junto a uma coluna militar norte-americana que circulava pela via rápida Muhammad al-Kassem e fora rodeada por crianças para receberem doces distribuídos pelos soldados.
O hospital Al-Kindi confirmou ter recebido 24 corpos de crianças entre os seis e os 13 anos, bem como de um adolescente de 18 anos, mas entretanto os restos mortais de mais sete menores de 15 anos deram entrada no hospital Ibn Nafis, em Bagdad.
Pelo menos mais 31 pessoas, na maioria também crianças, ficaram feridas no atentado, de acordo com as mesmas fontes hospitalares.
Os soldados norte-americanos vinham de bloquear as saídas do bairro de al-Jadida, na capital, depois de receberem avisos da presença de um bombista suicida que circulava numa viatura armadilhada.
«As crianças cercaram os norte-americanos e estendiam as mãos para receberem os doces quando, subitamente, apareceu a viatura armadilhada numa rua lateral e explodiu», relatou Muhammad Ali Hamza, 25 anos, que se encontrava no local.
«O bombista suicida aproximou-se de um jipe e fez explodir a sua viatura. Um soldado morreu e dois ficaram feridos», adiantou o militar norte-americano David Abrams.
«Porque nos matam os filhos?»
«Por que nos mataram os filhos?», chorava Hassan Muhammad, que acabava de perder o filho Alaa, de 13 anos.
Um jornalista da agência noticiosa francesa AFP viu na morgue corpos de crianças decapitadas e desmembradas, todos eles calcinados.
A 30 de Setembro de 2004, 34 crianças e quatro adultos perderam a vida num triplo atentado em Bagdad.
Repulsa e indignação de Annan
O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, já manifestou a sua «repulsa» e «indignação» pelo assassínio de mais de 30 crianças e adolescentes no atentado.
«O secretário-geral sente repulsa e indignação depois da morte de um grande número de crianças, assim como de outros civis, no último atentado suicida hoje em Bagdad», declarou o seu porta-voz, Stephane Dujarric.