Garcia Pereira sugeriu hoje que os portugueses deviam fazer com o Governo o mesmo que fizeram com Miguel de Vasconcelos a 1 de Dezembro de 1640 (assassinado em pleno Terreiro do Paço).
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Garcia Pereira, candidato presidencial apoiado pelo PCTP-MRPP, revelou hoje que se ganhar as eleições demitirá o Governo e dissolverá a Assembleia da República, por considerar que os socialistas estão a «trair» a Pátria.
O candidato acusou o Governo de «hipotecar» a independência económica e política de Portugal a «coroas alheias», dando o exemplo do acordo firmado recentemente em Nice, entre os 15 Estados-membros da União Europeia.
Por considerar que o Executivo de António Guterres segue uma «política de traição», o candidato defende que os portugueses deveriam fazer com o Governo o mesmo que fizeram com Miguel de Vasconcelos a 1 de Dezembro de 1640 (assassinado em pleno Terreiro do Paço).
Tido como defensor da integração de Portugal na coroa espanhola e, em consequência, um «traidor da Pátria», Miguel Vasconcelos (na altura secretário de Estado da Fazenda) foi morto pelos conjurados e lançado de uma das janelas do então Paço da Ribeira (actualmente, Terreiro do Paço).
Hoje, no mesmo local, um boneco simbolizando Miguel Vasconcelos - que por sua vez simboliza, para Garcia Pereira, o Governo e Jorge Sampaio - foi atirado de uma janela, caindo no passeio, ao mesmo tempo que os apoiantes da candidatura o ladeavam de faixas criticando a actuação do executivo.
A ruína da agricultura, o desmantelamento da frota pesqueira, a venda da TAP, a ruína da marinha mercante e o envio de soldados para a morte com urânio, eram algumas das «traições» apontadas ao Governo.
Apesar de ter sido o Executivo o principal alvo das críticas, a actuação do actual Presidente da República e candidato a Belém também não foi poupada.
Garcia Pereira acusou Jorge Sampaio de se remeter a «um silêncio esmagador» perante situações como o «enterro da cidadania europeia» concretizado em Nice e a perda da independência nacional, desafiando-o a dizer o que pretende fazer com o Governo.
O candidato chegou mesmo a dizer que «Jorge Sampaio deveria dizer o que fará relativamente ao Governo e nada diz, o que significa que vai mantê-lo».
Garcia Pereira garantiu que «mandaria o Governo pela janela da demissão» caso fosse eleito, assim como dissolveria o Parlamento, e apelou ao voto dos portugueses no candidato que defende a independência nacional, ou seja, em si próprio.