Manuel Alegre publicou um artigo de opinião «contra o medo» numa referência a casos que entendeu terem em comum a «confusão entre lealdade e subserviência». O deputado diz que estes casos, apesar de «pontuais», são «inquietantes».
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Manuel Alegre escreveu, num artigo de opinião do jornal Público, «contra o medo», numa referência a «alguns casos ultimamente vindos a público» e que têm em comum a «delação e a confusão entre lealdade e subserviência».
O deputado socialista considerou que estas situações, apesar de serem «casos pontuais», são «inquietantes» e «ameaçam repetir-se», tendo o vice-presidente do parlamento se questionado sobre a «sensação de que nem sempre convém dizer o que se pensa».
Neste artigo, Alegre diz mesmo que «há um clima propício a comportamentos com raízes profundas na nossa história, desde os esbirros do Santo Ofício até aos bufos da PIDE».
As críticas do deputado do PS alargaram-se ainda à «progressiva destruição do Serviço Nacional de Saúde», ao «encerramento dos serviços que agrava a desertificação a desertificação do interior e a qualidade de vida das pessoas».
O Estatuto dos Jornalistas que, na opinião de Manuel Alegre, configura um «risco para a liberdade de imprensa», o «precedente grave» do cruzamento de dados na função pública e a «tendência privatizadora» na electricidade, água e ensino superior foram outros dos assuntos referidos no seu artigo.
«Não tenho qualquer questão pessoal com José Sócrates, de quem muitas vezes discordo, mas em quem aprecio o gosto pela intervenção política. O que ponho em causa é a redução da política à sua pessoa», refere Manuel Alegre.
O artigo de Alegre, onde o deputado lamentou a falta de alternativas quer no PS, quer no PSD, surgiu um dia depois de o Ministério da Educação ter mandado arquivar o processo contra o professor Fernando Charrua, que fez um comentário sobre o primeiro-ministro José Sócrates, que lhe valeu a instauração de um processo disciplinar.