Poeta e pintor irreverente, expoente do surrealismo português Mário Cesariny completa hoje 80 anos. A TSF recorda a entrevista do autor ao jornalista Gonçalo Villas Boas, há cerca de um ano.
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Mário Cesariny, natural de Lisboa adere inicialmente ao neo-realismo, de que se começa a afastar em 1947, ano em que viaja para França para conhecer o escritor André Breton, que lançara o «Manifesto Surrealista».
No mesmo ano integra o auto-denominado «Grupo Surrealista de Lisboa», do qual se desliga pouco tempo depois para formar com Pedro Oom, Cruzeiro Seixas, António Maria Lisboa e Henrique Risques Pereira o grupo «Os Surrealistas».
O surrealismo marca em Cesariny o ponto de partida de um percurso artístico profundamente vivido ao longo da segunda metade do século XX português, tanto na escrita como nas artes plásticas.
Após a desintegração de «Os Surrealistas», na década de 1950, Cesariny mantém-se activo, publicando - entre outros - «Pena capital» e apresentando, em 1956, na Livraria António Maria Pereira, em Lisboa, uma exposição das suas capas-poemas-objectos.
Na década de 1960 publica «Planisfério e outros poemas» e "Um auto para Jerusalém".
Sobre a temática do surrealismo, que analisou e teorizou em vários textos, contam-se as obras «A Intervenção surrealista» (1958), «Antologia do cadáver esquisito» (1961) - obra que organizou e da qual é autor parcial - e «Surrealismo/Abjeccionismo. Antologia de obras em português» (1963).
A partir da década de 1970 Cesariny é um nome constante de várias galerias de arte tanto em Portugal como no estrangeiro. Deste período destacam-se, entre outras, pinturas como «Linha de Água» ou «Vai começar outra vez».