Segundo um estudo desenvolvido pelas faculdades de Medicina e Farmácia da Universidade de Maryland (Baltimore), medicamentos comuns contra a febre, como a aspirina, podem prolongar um tipo de infecção da gripe.
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A investigação, publicada na revista «Pharmacotherapy» do Colégio Norte-Americano de Farmácia Clínica, apoiou-se num estudo de vacinações levadas a cabo entre 1978 e 1987 no Centro de Desenvolvimento das Vacinas da Universidade.
Nesse período, 54 voluntários foram injectados com o vírus da gripe tipo A, 45 voluntários receberam o vírus Sighella Sonnei e 21 receberam a bactéria R. rickettsii.
Durante o estudo, foi dada a aspirina e outros medicamentos comuns para o alívio de sintomas como a febre.
O estudo agora publicado faz a comparação da duração da doença entre os doentes que tomaram esses medicamentos e os doentes que não receberam estes fármacos.
Segundo Philip Mackowiak, um dos investigadores principais, «a análise sugere que a terapia para a febre prolongou a doença nos doentes com gripe tipo A mas não nos casos com shigellosis, conhecida também como febre das Montanhas Rochosas».
Outra investigadora principal, Karen Plaisance, afirmou que «o
estudo sugere que a febre pode ter papéis diferentes na cura de infecções virais e bacterianas». Os resultados do estudo indicam que os voluntários infectados com a gripe tipo A e com S. Sonnei estiveram doentes durante mais tempo e com febre mais alta.
Estas conclusões «sugerem que os medicamentos contra a febre podem ter prolongado a doença simplesmente porque foram administrados aos indivíduos mais doentes», explicou Mackowiak. «Mas uma análise da relação entre a duração da doença e a terapia para a febre, que levou em conta outras variáveis clínicas e demográficas, mostrou uma relação estatisticamente significativa: os medicamentos para a febre fizeram com que se prolongasse o tipo A», acrescentou o investigador.
Mackowiak conclui: «A boa notícia é que os medicamentos contra a febre fazem com que os doentes se sintam melhor. A má notícia é que podem fazer com que a doença dure mais tempo».
«Esta descoberta não significa que as pessoas não devam tomar medicamentos contra a febre mas que devem estar conscientes de que o alívio que estes provocam pode ter como custo uma doença mais prolongada», disse.