A TAP prepara-se para por em acção um plano de reestruturação que prevê, entre outras medidas, o congelamento dos ordenados e uma redução acelerada de pessoal. Muitos dos trabalhadores ameaçam sair da empresa.
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Cerca de mil trabalhadores da TAP estão na disposição de sair da empresa, no âmbito do plano de reestruturação que prevê o congelamento dos salários e uma redução de pessoal mais rápida.
A transportadora aérea portuguesa tem, actualmente, cerca de nove mil trabalhadores. Fernando Pinto, o administrador da TAP, resumiu o plano de acções imediatas a três questões essenciais: maior agressividade na redução de custos, nomeadamente, cancelando o crescimento dos salários; acelerar o programa de redução de pessoal; e aumentar as receitas, apostando, sobretudo, nas viagens de negócios.
Do lado dos proveitos, o administrador delegado da TAP pretende centrar os seus esforços nas viagens de negócios e aumentar o número de horas voadas por aeronave.
«O custo médio da TAP está dentro da média do sector, se retirarmos os custos com pessoal, mas adicionando este custo, ficamos muito acima da média», afirma o administrador-delegado, acrescentando que isto acontece, «não por os salários, salvo excepções, serem altos, mas sim porque há excesso de pessoal».
Os custos da transportadora aérea cresceram 14 por cento, tanto como as receitas, nos dez primeiros meses de 2000 e face a idêntico período do ano passado. Os custos com pessoal cresceram 5,5 por cento.
A TAP continua a gerar receitas claramente insuficientes para as despesas que tem, garantiu Fernando Pinto, sustentando as suas afirmações num estudo pedido a um banco que investimento, que conclui estarem as receitas da TAP muito abaixo da média, em função das despesas existentes.
Segundo o estudo, apenas cinco por cento do total de receitas da TAP sobram, depois dos custos operacionais, para pagar outros compromissos da empresa e fazer investimentos. A média verificada entre as empresas europeias é de 16 por cento, nos Estados Unidos da América é de 20 por cento e nos países asiáticos atinge os 28 por cento.
O administrador-delegado da TAP espera conseguir fazer crescer a oferta da empresa em cerca de 10 por cento, aumentando a frequência de voos, adequando horários e, também, utilizando frequências atribuídas à companhia, mas não usadas, caso do Brasil, onde são utilizados apenas 18 das 21 atribuídas.
«É possível fazer circular passageiros dos Estados Unidos e América Latina por Lisboa, ou até traze-los para Lisboa», afirmou Fernando Pinto, salientando a importância da divulgação do serviço prestado para o sucesso deste programa.
«Sem a adesão dos trabalhadores é que não será possível salvar a companhia que, acredito, não resistiria até final do próximo ano, se não fossem tomadas medidas já», frisou o gestor, adiantando que situações de greves e outras acções de contestação só acelerariam o processo.
Os sindicatos estão agora a estudar as propostas apresentadas, que passam por um envolvimento dos representantes dos trabalhadores num «programa de acompanhamento» dos projectos.
A promessa da administração da TAP é de, logo que as acções propostas comecem a dar resultados, implementar medidas para corrigir injustiças salariais, desenvolver um programa de valorização de carreiras, passar a distribuir ganhos extraordinários e, em paralelo, trabalhar num programa de participação dos trabalhadores no capital da empresa.
No entanto, Fernando Pinto foi adiantando que «não é num ano que se resolvem os problemas da TAP».