O ex-ministro social-democrata Mira Amaral e o candidato a presidente do PSD Pedro Passos Coelho criticaram esta quarta-feira a política financeira de Manuela Ferreira Leite, considerando que não reduziu a despesa e não reformou a Administração Pública.
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Durante um debate sobre economia na sede de candidatura de Passos Coelho, em Lisboa, Mira Amaral disse que «os governos PSD/PP nada mudaram em relação aos anteriores governos de Guterres» e mostraram «total incapacidade de fazer a reforma da Administração Pública, que nem sequer foi enunciada».
«Estes senhores [o actual Governo do PS] pelo menos enunciaram-na», acrescentou.
Manuela Ferreira Leite, adversária de Pedro Passos Coelho nas eleições directas para a liderança do PSD, foi ministra das Finanças entre 2002 e 2004, no executivo PSD/CDS-PP chefiado por Durão Barroso.
Mira Amaral criticou a operação de venda de créditos do Estado feita por Manuela Ferreira Leite para ter um défice inferior a três por cento em 2003, defendendo que «isso devia ter sido um empréstimo e não uma receita» inscrita no orçamento porque onerou os orçamentos futuros.
De acordo com o ex-ministro do Trabalho e da Indústria de Cavaco Silva, o que se fez foi «contabilidade criativa» e «martelar os défices».
Mira Amaral disse ainda que a situação do País «não se transforma com a visão contabilística».
«Se pegarmos num responsável empresarial só porque é sério ou porque tem ar de mau e o transformarmos» em presidente executivo ou presidente do conselho de administração «o que é acontece? Daqui a um ano está falida», ilustrou.
«Eu explico nas minhas aulas a diferença entre contabilidade e estratégia. O problema da Administração Pública não se resolve com regras contabilísticas e é um erro que tem havido aqui nesta matéria das finanças», concluiu o economista, que se referiu a Pedro Passos Coelho como «um sopro de juventude e de frescura».
Por sua vez, Passos Coelho criticou «a obsessão do défice que existe desde 2002», considerando que está «a destruir a economia, as empresas e o emprego» e que se anda «há sensivelmente sete anos a tentar resolver o problema com medidas temporárias, provisórias».
«Temos de parar um pouco neste caminho, que não pode ser imputado estritamente ao PS, nós também já cometemos esse erro», sustentou.
Segundo Passos Coelho, é preciso «baixar a receita em função da reforma do Estado», o que «realmente não foi feito» até ao momento.