O filósofo português Fernando Gil morreu este domingo em Paris, aos 69 anos de idade, vítima de doença prolongada. Com uma carreira dedicada ao ensino e à escrita, Fernando Gil foi galardoado com o Prémio Pessoa e com o título de Cavaleiro da Ordem das Palmas Académicas atribuído pelo governo francês.
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Fernando Gil, nasceu a 3 de Fevereiro de 1937, em Moçambique, onde fez o liceu. Estudou sociologia, durante um ano, na Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, partindo de seguida para Lisboa, onde se licenciou em Direito.
Em 1961, parte para Paris, onde se licencia em Filosofia pela Universidade da Sorbonne.
Mais tarde, doutorou-se em Lógica, na Universidade de Paris, de que resulta a publicação da tese «La Logique du Nom».
Em 1976, começou a leccionar na Faculdade de Letras de Lisboa, integrando posteriormente o Departamento de Filosofia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde era professor catedrático desde 1998.
Ensinou em várias universidades europeias e sul-americanas, como as Universidades de Porto Alegre e de São Paulo, e na Universidade Johns Hoppkins, em Baltimore.
A publicação, em 1984, de «Mimesis e Negação», valeu-lhe o Prémio Ensaio do Pen Club, que voltará a receber com "Viagens do Olhar", em 1998.
Edita ainda «Provas», em 1998, «Tratado da Evidência», em 1993, e «Modos da Evidência», em 1998.
Traduziu para português, autores como Karl Jaspers, Romano Guardini, Cesare Pavese e Merleau-Ponty. Em Lisboa, fundou e dirigiu a revista Análise.
Foi consultor do ministro da Ciência e Tecnologia, José Mariano Gago, e do Presidente da República, Mário Soares, durante os seus dois mandatos.
Em 1992, foi galardoado com o grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e, um ano depois, recebeu o Prémio Pessoa.
A Universidade de Aveiro nomeou-o 'doutor honoris causa' e o governo francês agraciou-o com o título de Cavaleiro da Ordem das Palmas Académicas.