Um dos grandes mestres da fotografia do século XX, Henri Cartier-Bresson, conhecido pelo estilo caracterizado como «olho de falcão», morreu na segunda-feira passada, aos 95 anos, no sul de França, revelou a agência de notícias France Presse.
Corpo do artigo
Um dos fundadores da agência de fotografia Magnum, Henri Cartier-Bresson, marcou a fotografia e o foto-jornalismo do século XX.
O artista falecido na segunda-feira considerava que as imagens «não são para comentar mas para ver» e que «uma fotografia conseguida é aquela que se observa por mais de um segundo».
Cartier-Bresson, que fazia 96 anos no próximo dia 22 de Agosto, concentrou-se em captar o «momento decisivo» de um acontecimento numa imagem.
Influências do surrealismo
Este grande nome da fotografia mundial nasceu em Chanteloup, França, no seio de uma família abastada da indústria têxtil. Contrariando a pressão dos pais que ansiavam por ver o filho à frente dos negócios da família, optou por seguir um rumo artístico.
Durante a juventude frequentou aulas particulares de pintura com o mestre cubista Andre Lhote. Esta experiência foi essencial para desenvolver em Cartier-Bresson os conceitos visuais que serviram mais tarde de referência para a sua carreira como fotógrafo.
Estudou pintura e filosofia na Universidade de Cambridge, onde se «deixou» influenciar pelo surrealismo. Influenciado pelas correntes culturais que surgiram após a I Guerra Mundial, Bresson desdenhava o espírito pequeno-burguês e a moral vigente.
De viagem em terras africanas
O espírito aventureiro que o caracteriza, levou Cartier-Bresson ao continente africano (Camarões e Costa do Marfim) onde sobreviveu a vender carne salgada que ele próprio caçava e preparava.
Foi também em África que comprou a sua primeira máquina fotográfica em segunda mão e neste continente contraiu malária, doença que o obrigou a regressar a Paris.
De regresso a França, o fotógrafo comprou a famosa Leica, que o acompanhou até ao fim da vida por esse mundo fora, onde registou vidas quotidianas com um olhar humanista, do mendigo ao banqueiro, das lavadeiras aos militares.
Cartier-Bresson também fotografou em Portugal, captando os gestos e as modas do português dos anos cinquenta.
Capturado pelos alemães na II Guerra Mundial
Na II Guerra Mundial rebentou, Bresson alistou-se no exército, mas pouco tempo depois foi capturado pelos alemães. Depois de dois anos e meio preso, voltou a Paris, onde colaborou com a Resistência Francesa até ao fim da Guerra.
Depois partiu para a América do Norte e mais tarde para a Índia. Em 1973 começou a pintar depois de muitas anos afastado dos pincéis. «Tudo o que quero hoje em dia é pintar - a fotografia nunca foi mais do que um modo de pintar, uma espécie de desenho instantâneo».