O problema da imigração e as condições de vida num país estranho servem de pano de fundo à peça «No Estaleiro Geral», que a Bica Teatro estreia quinta-feira no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra.
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«A peça decorre num espaço fechado, num estaleiro, e tem como pano de fundo o problema da imigração e a desilusão de algumas ideologias redentoras», contou à Agência Lusa Luís Carlos Patraquim (na foto).
«A história gira em torno de dois imigrantes, um africano e um da Europa de Leste, que trabalham num estaleiro de construção de casas para um bairro social e vivem num contentor», disse.
«É neste contentor que os dois homens, Lucas e Evgueni, trocam experiências, falam das suas vidas, entram em conflito. O contentor passa a ser um espaço de cumplicidades, um 'lamber de feridas', e de alguma melancolia», revela o autor.
Através do diálogo, os dois homens aproximam-se e descobrem que têm em comum sonhos perdidos e uma vivência semelhante. Luís Carlos Patraquim salienta que esta peça é muito actual e a denuncia a condição do imigrante.
Segundo o autor, a peça revela a indiferença, a exploração de quem emprega e a «inevitável degradação» das condições de vida de quem procura trabalho fora do seu país.
«No final da peça Evgueni é assassinado pela máfia por não ter pago o tributo e Lucas será o primeiro suspeito da polícia», disse.
O texto é de Luís Carlos Patraquim com encenação de João Mota, e será interpretada pelos actores Paulo Patraquim e Miguel Sermão. A peça estará no Pequeno Auditório do Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, de quinta-feira a sábado.