A atribuição do Nobel da Literatura a J. M. Coetzee foi bem recebida por José Saramago e Mia Couto, que sublinham o «mérito» do autor sul-africano. Maria Teresa Horta lamenta que o prémio não tenha ido para uma mulher.
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O Nobel da Literatura português José Saramago, ouvido pela TSF, afirmou que a atribuição do prémio a J. M. Coetzee se «justifica, porque se trata de uma pessoa que, à luz da sua obra, claramente o merecia».
Os livros do autor são «duros» face à realidade sul-africana, sublinhou Saramago, que conhece bem Coetzee. «A ponto de ele dizer que em comparação com eles o meu 'ensaio Sobre a Cegueira' é um gelado de baunilha».
Para Helena Buesco, professora na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, J. M. Coetzee é um escritor com uma grande intensidade narrativa, que merece o prémio.
«A meu ver é um dos escritores contemporâneos com mais força e com uma obra que já tem muitos títulos, mas sempre surpreendente e muito intensa», explicou à TSF.
«Escolha acertada», diz Mia Couto
O escritor moçambicano Mia Couto é um apreciador do trabalho de J. M. Coetzee, por isso considera também que o prémio foi bem entregue.
«Acho que é uma escolha muito acertada. O nome dele já era falado há muito tempo. (...) Acho que ele transmite um pouco aquilo que é a alma dos sul-africanos», disse à TSF.
Maria Teresa Horta lamenta discriminação sexual
Por outro lado, a escritora portuguesa Maria Teresa Horta lamenta que «as mulheres continuem a ser preteridas» pela Academia Sueca.
Teresa Horta gostaria de ver a norte-americana Joyce Carrol Oates ou a portuguesa Sophia de Mello Breyner ganhar o galardão.
«Há uma diferença escandalosa entre homens e mulheres» no historial do prémio, entregue muitas vezes «por razões políticas», sustentou.