O presidente da Coreia do Sul, Kim Dae Jung, recebeu hoje na capital da Noruega o Prémio Nobel da Paz 2000 pelo seu grande empenho na democracia, direitos humanos e reconciliação com a Coreia do Norte.
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Kim (na foto), de 76 anos, sublinhou durante a cerimónia que recebia o prémio em nome do povo coreano, adiantando que gostaria de o ter compartilhado com o seu homólogo da Coreia do Norte, Kim Jong Il.
«Estou infinitamente agradecido pela honra, mas penso nas numerosas pessoas na Coreia que se dedicaram à democracia e ao sonho da unificação nacional, por isso concluo que a honra é para elas», sublinhou Kim Jung.
Segundo o Comité Nobel Norueguês, o presidente da Coreia do Norte merece este galardão pelos seus esforços a favor «da democracia e direitos humanos na Coreia do Sul, na Ásia oriental em geral, e pela paz e particularmente pela reconciliação na Coreia do Norte».
O presidente sul-coreano sublinhou ainda a importância da religião católica na sua existência e no seu combate político, dando um tom um pouco místico ao seu discurso de agradecimentos.
«Vivi e continuo a viver na crença de que Deus está sempre comigo», declarou Kim, após lhe ter sido entregue o diploma e a medalha Nobel numa cerimónia na Câmara Municipal de Oslo.
Tal como a sua segunda esposa, Lee Hee-Ho, Kim pertence à minoria cristã da Coreia do Sul.
A fé ajudou-o a ultrapassar várias adversidades, sobretudo quando dos eus longos anos de dissidência política do regime. Em Agosto de 1973, quando agentes sul-coreanos o raptaram no Japão e o levaram num barco, Kim deveu a sua salvação à intervenção de uma aeronave norte-americana.
«Justamente quando eles (raptores) me iam atirar pela borda fora, Jesus Cristo apareceu-me com muito grande claridade. Então, agarrei-me a ele e supliquei-lhe que me salvasse a vida », afirmou.
«Por cinco vezes confrontei-me com a morte às mãos de ditadores, passei seis anos da minha vida na prisão e vivi 40 anos em residência vigiada, no exílio ou sob vigilância permanente», lembrou igualmente Kim.
O presidente sul-coreano adiantaria, a propósito das vicissitudes e experiências por que passou, que «nunca poderia ter suportado estas dificuldades sem o apoio do meu povo e o encorajamento de outros democratas através do mundo. Mas a força veio também das minhas convicções pessoais profundas», explicou.