O ministro do Ambiente, Luís Nobre Guedes reconheceu hoje publicamente a existência de «poderosos interesses», ilegítimos e legítimos, em Portugal que se opõem ao desenvolvimento ambiental do país, afirmando-se pronto para os combater.
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Na abertura da 8/a Conferência Nacional da Qualidade do Ambiente, em Lisboa, o ministro sublinhou que aqueles interesses constituem um «problema» para o trabalho do seu ministério.
Nobre Guedes, que falava para uma plateia de estudantes universitários, professores e outros especialistas ligados ao ambiente, lançou o repto: «Peço a vossa ajuda porque vou passar por maus bocados. Era mais fácil não mexer em certos interesses, mas vou mexer».
Sobre o «caos» do ordenamento do território em Portugal, o ministro reafirmou que o ambiente tem como principal opositor os «ilegítimos interesses».
«Não tenho dúvida que tenho a cabeça a prémio», disse Nobre Guedes. O ministro do Ambiente foi directo ao assunto: «Os senhores vão ver o que vai acontecer quando eu decidir sobre a RAN [Reserva Agrícola Nacional] e a REN [Reserva Ecológica Nacional], porque têm interesses muitos poderosos».
Nobre Guedes lembrou ainda a importância da revolução de Abril, que resultou de uma unanimidade dos portugueses para mudar a sociedade.
«Mas acho que a sociedade que temos é o oposto do que sonhámos, excepto em termos de liberdade. Não há valores, referências, solidariedade, só vale o dinheiro», defendeu.