Maria José Nogueira Pinto assumiu, esta quarta-feira, a inteira responsabilidade pela ideia de criação de uma «Chinatown» em Lisboa e acusou o Bloco de Esquerda de oportunismo político e intolerância face às suas ideias e convicções.
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Esta é a resposta de Maria José Nogueira Pinto que foi convidada pelo presidente da câmara, António Costa, para dirigir o projecto de revitalização da Baixa-Chiado, depois de o BE ter dito que as palavras da ex-vereadora do CDS-PP relativamente à restrição das lojas chinesas na baixa a impediam de assumir aquelas responsabilidades.
«A reacção do vereador Sá Fernandes, do meu ponto de vista, é de mero oportunismo político é uma reacção excessiva, descabida e sem fundamento, tanto mais que ele precisa de ir buscar o argumento do racismo que é manifestamente demagógico», disse Nogueira Pinto, citada pela agência Lusa.
A polémica surgiu depois Maria José Nogueira Pinto ter dito ao Expresso que para revitalizar o pequeno comércio tradicional a Câmara Municipal deveria impor uma quota de lojas chinesas e eventualmente criar uma espécie de «Chinatown» noutro local.
Maria José Nogueira Pinto esclareceu que a ideia de criação de uma «Chinatown» foi já por si apresentada quando era vereadora no anterior mandato e «não faz, nem nunca fez parte do Plano de Revitalização da Baixa-Chiado».
«Tudo isto é sabido pelo vereador Sá Fernandes, que estava lá sentado e conhece muito bem o projecto», disse.
Porém, a ex-vereradora admite que decidiu avançar com a ideia por entender ser «uma hipótese que devia, pelo menos, ser estudada».
«Estou em crer que seria bem acolhida pelos comerciantes chineses e considero muito importante preservar o comércio tradicional em determinadas zonas históricas da cidade», acrescentou.
Segundo Maria José Nogueira Pinto, a posição do BE «pode indiciar um entendimento muito perigoso» relativamente a uma «eventual colaboração» da sua parte com a Câmara Municipal de Lisboa (CML), na sequência do convite que lhe foi dirigido por António Costa.
«Esse entendimento é que por essa colaboração eu vendia a alma, vendia as convicções, vendia as ideias, vendias as opiniões e ficava remetida a um profundo silêncio», precisou.
«Este entendimento é um entendimento muito intolerante que quero que fique bem claro que eu jamais aceitarei», garantiu.
Questionada sobre o possível risco de vir a não desenvolver o projecto, Maria José Nogueira Pinto disse apenas que já falou com o presidente da câmara, mas primeiro tem de dizer ao BE que «nem pensar nesta intolerância. Não se pense que eu vou para e fico calada».
Maria José Nogueira Pinto sublinhou que se trata apenas de uma colaboração por dois anos e que mantém outras actividades, nomeadamente uma coluna num jornal em que emite opiniões, tal como noutros órgãos de comunicação social.
A associação SOS Racismo também contestou as declarações de Maria José Nogueira Pinto, acusando-a de querer promover uma «limpeza étnica» e anunciando posteriormente o envio de uma queixa para a Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial.