A comunidade científica deu mais um passo no desenvolvimento da vacina contra o vírus da sida. Foi detectado um vírus semelhante ao HIV nos macacos e a célula mortal que responde com eficácia à infecção pode ser a solução para a vacina humana.
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Cientistas descobriram como um vírus primário similar ao HIV invade o sistema imunitário na primeira semana de infecção, uma descoberta que crêem poder facilitar o desenvolvimento de uma nova vacina contra a sida. O estudo está publicado na edição de quarta-feira do jornal científico «Nature».
O vírus HIV que provoca a sida é particularmente habilidoso porque se multiplica e desenvolve tão rápido que consegue «enganar» os sistemas normais de defesa do organismo.
SIV, um vírus detectado em macacos, apresenta características muitos parecidas com o HIV mas a capacidade de infecção nos macacos é ainda superior à registada pelo vírus da sida no homem.
Cientistas da Universidade de Wisconsin e o Centro Regional de Pesquisa de Madison demostraram que o SIV nos macacos invade as resistências imunitárias através da multiplicação e mutação em diferentes variantes, o que faz com que os corpos estranhos não sejam reconhecidos pelas células enviadas pelo organismo para os eliminar.
No entanto, «os resultados mostram que as infecções provocam respostas imunitárias que o vírus não consegue tolerar. O desafio será usar estas respostas numa vacina para combater o HIV», explicou David Watkins, um dos investigadores do projecto.
Embora se utilizem medicamentos para prolongar a vida aos indivíduos infectados com o vírus da sida, os especialistas acreditam que o único caminho viável ao combate desta epidemia que já matou 19 milhões de pessoas é a vacina.
Mais de 70 vacinas contra a sida estão a ser testadas e encontram-se em diferentes estádios de desenvolvimento em todo o mundo.
Experiências humanas no final do ano
Os cientistas descobriram assim que a alteração do vírus ocorre na esfera de uma proteína viral denominada TAT, que pode constituir um importante alvo para a nova vacina da sida.
Esta equipa está convencida de que a resposta imunitária existe, uma vez que algumas semanas depois dos macacos serem infectados com o SIV não encontraram qualquer traço do vírus original, apenas uma variante do mesmo.
Se as células TAT são eficazes face ao vírus original nos macacos, também poderão ter resultados semelhantes no organismo humano, prevêem os investigadores.
Os cientistas já iniciaram a vacinação dos macacos com a proteína TAT. Se os resultados nos macacos forem positivos, os cientistas esperam iniciar experiências em humanos nos Estados Unidos e Canadá já no final do ano.