Cientistas norte-americanos podem ter descoberto, pela primeira vez, maneira de desenvolver um contraceptivo masculino. O gene CatSper, responsável pela mobilidade dos espermatozóides, pode ser a solução deste enigma.
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Um gene crucial para ao mobilidade dos espermatozóides pode conduzir ao desenvolvimento de um contraceptivo para o sexo masculino, indica um estudo publicado na edição de quinta-feira da revista de ciência britânica «Nature».
A equipa de David Clapham, da Escola Médica de Harvard, em Boston (Massachusetts), criou ratos modificados geneticamente desprovidos do gene CatSper, responsável pela produção de uma proteína que existe unicamente nos testículos, e que tem o seu equivalente no homem.
A proteína possibilita um fluxo de cálcio indispensável para assegurar aos espermatozóides a agilidade e a velocidade necessárias para chegar até ao óvulo e fertilizá-lo.
O gene CatSper controla a passagem de iões (moléculas com carga eléctrica) pelo espermatozóide, elementos necessários para este transpor a barreira (membrana) que envolve o óvulo. O esperma dos ratos aos quais faltava este gene revelou-se incapaz de fertilizar o óvulo in vitro.
Enquanto 81 por cento dos ovos foram fecundados por esperma normal, tal não se verificou com o esperma alterado.
O gene Catsper está localizado no flagelo do espermatozóide adulto. O flagelo é uma espécie de cauda longa que lhe possibilita o movimento.
«O gene Catsper representa um excelente ponto de partida para o desenvolvimento de contraceptivos não-hormonais para homens», o que até à data não foi possível desenvolver, indicaram os autores do estudo.
Um inibidor específico, um produto que bloqueie unicamente este gene, não deverá afectar outros órgãos ou tecidos do organismo (cérebro, coração, rins ou sistema imunitário), logo, os seus efeitos secundários serão provavelmente fracos ou inexistentes, segundo os investigadores.
Este gene constitui, ao mesmo tempo, um alvo do trabalho a realizar para a detecção e tratamento da infertilidade masculina, acrescentam.