Sim, é o mesmo Martinho da Vila que já teve «mulheres de todas as cores». Só que desta vez o artista não traz a Portugal os famosos sambas mas o romance «Fluminense». Uma viagem literária pelas cidades e pelo interior do Brasil.
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Famoso pelos sambas quentes que compõe e interpreta, Martinho da Vila decidiu em 1999 aventurar-se pelo mundo da literatura criando um romance que descreve a vida fluminense (cidadãos do Estado do Rio de Janeiro). Três anos depois de ser editado no Brasil, o «Fluminense» chega a Portugal.
O livro «tem como pano de fundo a cidade do Rio de Janeiro e uma cidade fantasiada do interior. É uma história que demarca a diferença da vida urbana, suburbana e rural», explicou à TSF.online. Embora sem contornos autobiográficos, o livro acaba por reflectir a própria experiência do escritor que nasceu na pequena cidade de Duas Barras e foi viver para o Rio de Janeiro aos quatro anos.
«Eu não pretendo ser um escritor», garante o rei do samba que, contudo, já vai no seu quarto livro, sendo dois deles de ficção. Em 1998, Martinho editou «Ópera Negra», um trabalho que pensa um dia adaptar para a música. Aliás, as melodias nunca abandonam o artista: «Eu gosto de misturar a literatura com a música. No 'Fluminense' eu busquei no meu repertório músicas que se adaptam a cada capitulo. É uma espécie de banda sonora que eu imagino».
Este livro é diferente do «Ópera Negra» que é uma história «mais dura porque fala da vida nas favelas». Já o «Fluminense» é «um romance leve, o último capítulo até se chama 'Final feliz'. Quem o ler vai viajar comigo pelo Rio de Janeiro, pelo interior. É uma viagem. Um livro cinematográfico», sublinha.
Na segunda-feira, às 18 horas, os fãs de Martinho da Vila poderam deslocar-se até à embaixada do Brasil, em Lisboa, para receber das mãos do artista uma cópia autografada do «Fluminense».
«O mundo treme com o Lula»
Quanto à vitória de Lula nas eleições presidenciais brasileiras, Martinho mostra-se optimista. «Estou convencido que vai correr bem», declarou com um sorriso. «Vai ser um período de transição muito grande porque o Lula representa o povo no poder, é um metalúrgico que chega à presidência».
«As pessoas estranham o facto do Lula não ter educação superior, mas ele tem o mesmo percurso, por exemplo, que o Abraham Lincoln que é considerado um dos melhores presidentes dos Estados Unidos. O mundo treme todo um pouco com o lula porque se ele for mesmo forte vai abalar os grupos económicos do mundo inteiro», conclui o músico.