Gagarin sempre gostou dos aviões e, apesar da estatura pequena, sempre se esforçou para ser piloto de caças. Mas este mito da cultura russa, que foi uma bandeira de Moscovo, acabou por morrer em circunstancias misteriosas.
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Yuri é o quarto filho de um operário e de uma queijeira. Nasceu em 1934 e os primeiros anos de vida foram passados num abrigo subterrâneo para escapar dos bombardeamentos alemães.
Depois de ter passado por uma siderurgia, entrou na escola aérea e em 1957 é nomeado piloto dos aviões de caça MIG, ficando colocado na base militar de Murmansk.
No principio dos anos 60, e em segredo, a União Soviética escolhe uma equipa de 20 pilotos militares para os treinos de cosmonauta. Este grupo de 20 seria mais tarde reduzido a 6 e destes havia dois que se destacavam: Yuri Gagarin e German Titov, mas Titov não foi escolhido porque era considerado muito intelectual para vir a ser um herói soviético «como deve ser». Estamos em pleno culto da teoria do «homem novo» e Gagarin parecia ser o melhor modelo para aplicar este conceito.
E a 12 de Abril de 1961, às 9 horas e 7 minutos, hora de Moscovo, um foguetão com um potência de 20 milhões de cavalos de força descolou do cosmódromo de Baikonur. Mas antes de sair para o espaço Gagarin pediu para parar o autocarro que o transportava para a cápsula. O cosmonauta saiu do autocarro e sem tirar o fato espacial urinou para uma das rodas do veículo. Hoje, este acto mistura-se entre tradição e superstição, já que desde há 40 anos que todos os cosmonautas que saem Baikonur vão urinar na roda do autocarro, vestidos com o fato espacial.
O voo de Gagarin durou 108 minutos e foi uma demonstração do poder de Moscovo. Gagarin viajou a uma velocidade de 29 mil quilómetros por hora e a nave Vostok atingiu uma altura de 302 quilómetros. Apesar de ir a bordo, Gagarin tinha um papel passivo.
No último momento, antes da escotilha da Vostok ser fechada, o director do programa, entregou ao cosmonauta um envelope lacrado. No sobrescrito estava o papel com a chave que permitia, em caso de necessidade, desbloquear o painel de comandos da nave. A chave tinha dois dígitos. O número 25 nunca foi utilizado porque tudo correu como tinha sido previsto pelos cientistas aero-espaciais.
Deste modo não foi preciso utilizar dois dos três boletins que agência de noticias TASS preparou, por ordem directa do Kremlin. Um dos telexes anunciava o triunfo da missão, o outro pedia ajuda para localizar Gagarin se a órbita não fosse alcançada e a nave caísse nalgum lugar da Terra, um terceiro boletim foi preparado para anunciar a eventual morte de Gagarin na primeira tentativa humana de conquista do espaço.
O primeiro homem fora da Terra já não viu a chegada à Lua. Gagarin morreu sete anos depois, em 1968. O cosmonauta morreu como piloto de testes de um MIG 15. Existem muitas hipóteses para o acidente, desde a teoria da conspiração do KGB, que queria matar Gagarin, até ao rapto do cosmonauta por extraterrestres. Mas a hipótese mais provável é a colisão do avião com um balão atmosférico.