Óbidos acolhe a partir de quarta-feira e até domingo um mercado árabe medieval. A doçaria é um dos pontos fortes do evento. As especiarias e os sons não vão faltar nas 30 tendas que acolhem o mercado, vestido a rigor.
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Viver «o outro lado da Idade Média peninsular» é a proposta. A vila de Óbidos é o cenário. Os protagonistas são 150 figurantes, vestidos a rigor, e os visitantes esperados durante os cinco dias de mercado árabe.
«Habitualmente, recria-se as feiras e os torneios medievais cristãos, esquecendo um outro lado, que são os árabes, que tiveram uma presença forte na Península Ibérica», disse à Lusa João Cardoso, da Companhia de Teatro Viviarte, que organiza o evento com o apoio da Câmara de Óbidos.
Nos mercados árabes comercializa-se calçado, roupas, artigos de decoração, tapetes, objectos em latão, além das iguarias e bebidas sem álcool, como chá de menta e sumos.
«A doçaria é rica com uma forte base nos frutos secos, designadamente o figo, a amêndoa e até a alfarroba, para além do mel», disse.
«Historicamente, esta feira situa-se pouco antes da conquista de Lisboa por D. Afonso Henriques, em 1147. Tanto quanto a investigação actual aponta, os árabes de Óbidos ter-se-ão entregue pacificamente e o rei seguiu para a conquista de Lisboa», disse João Cardoso.
O mercado árabe de Óbidos procura «o mais historicamente possível recriar as cores e os odores árabes. O cheiro das especiarias e os sons dos tambores, dos lutes e das flautas».
O músico Eduardo Ramos, especialista em música árabe, além de músicos marroquinos e espanhóis que recriarão os sons árabes. Eduardo Ramos toca vários instrumentos árabes, da percussão ao lute, além de cantar repertório árabe, sefardita e cristão.
Também o vestuário «aproximar-se-á tanto quanto possível à época, nomeadamente na escolha de cores». Na Idade Média, os corantes dependiam de elementos naturais, como o anileiro, o sangue de dragão ou um molusco de onde se retirava a cor púrpura com que se vestiam os reis, cardeais «e os mais importantes».