A OCDE reviu em alta a sua previsão de crescimento da economia portuguesa para 2006, apoiada na forte expansão das exportações. No relatório das previsões Económicas Mundiais, a organização diz ainda que a meta do défice deve ser atingida enquanto o desemprego deverá crescer menos que o esperado.
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A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) reviu em alta a previsão de crescimento da economia portuguesa para 2006. Segundo o relatório das Previsões Económicas Mundiais, divulgado esta terça-feira, o Produto Interno Bruto português deve crescer 1,3 por cento em 2006, acima dos 0,7 por cento antecipados em Maio pela mesma organização.
Para 2007, a economia portuguesa deve voltar a acelerar, para um ritmo de crescimento de 1,5 por cento, valor igual ao previsto na Primavera, esperando uma aceleração de mais 0,2 pontos percentuais para 2008.
Apesar da revisão em alta, a confirmarem-se estes valores, Portugal voltará a divergir dos seus parceiros europeus até 2008, completando sete anos consecutivos de afastamento da média da Zona Euro.
A justificar a revisão em alta da previsão de crescimento do PIB português em 2006 está a mais do que duplicação da expansão das exportações.
A OCDE antecipa que as vendas ao estrangeiro cresçam 8,3 por cento em 2006, quando há seis meses atrás acreditava num crescimento de apenas 4 por cento.
A organização explica que o crescimento português está a beneficiar de um crescimento «forte» das exportações para a União Europeia e para outros mercados, mas a recuperação é ainda «frágil».
Em 2007 e 2008 a recuperação vai reforçar-se, antecipa a organização internacional, com o consumo privado a acelerar (de 1,0 para 1,4 por cento) e o investimento a regressar aos crescimentos positivos (2,3 por cento em 2007, depois de uma queda de 2,1 por cento em 2006).
A previsão de crescimento do PIB de 1,3 por cento em 2006, da OCDE, fica 0,1 ponto percentual abaixo da previsão do Governo, mas a previsão de expansão de 1,5 por cento em 2007 é ligeiramente mais baixa que a do Executivo português, que acredita num crescimento de 1,8 por cento no próximo ano.
Desemprego desce
A OCDE também procedeu a uma revisão em baixa das suas previsões para o desemprego em Portugal, estimando agora que Portugal chegue a 2008 com uma taxa de 7,0 por cento.
O relatório mostra que a OCDE cortou em 0,4 pontos percentuais a previsão da taxa de desemprego em 2006, face ao valor avançado em Maio, acreditando agora que este ano a taxa deve descer para os 7,5 por cento.
Em 2007 a melhoria deverá ser 0,1 ponto percentual, para os 7,4 por cento, com a correcção maior a fazer-se em 2008, altura em que a taxa deve cair para 7,0 por cento.
A organização considera que a retoma gradual da actividade económica deverá ajudar o desemprego a descer. Ainda assim, a OCDE lembra que o desemprego continua a ser «alto» em Portugal e que o país vai continuar a assistir-se a uma «moderação salarial» nos próximos anos.
Meta do défice orçamental deve ser atingida em 2006
Sobre o défice orçamental, a OCDE estima que o Governo português deverá conseguir cumprir em 2006 a sua meta do défice público de 4,6 por cento do Produto Interno Bruto, uma previsão baseada nos dados da execução orçamental de Janeiro a Outubro.
A organização salienta várias medidas que justificam o auemntod a receita, como é o caso da a subida da taxa do IVA em 2006, o aumento de outros impostos (tabaco e sobre produtos petrolíferos) e a melhoria da eficiência fiscal.
Do mesmo modo, a OCDE refere-se também a «alguns progressos» no lado despesa como é o caso da redução progressiva dos gastos com o pessoal, a beneficiar do congelamento das progressões automáticas na carreira dos funcionários públicos e da redução dos professores contratados, e o início da implementação do Programa da Reforma da Administração Central do Estado (PRACE), com efeitos práticos a partir de 2007.
A OCDE antecipa que, a manter-se a «disciplina na implementação do programa de consolidação orçamental», o défice público deve reduzir-se para 3,7 por cento do PIB em 2007 e para 3,4 por cento em 2008.
A taxa de inflação deve ficar em 2006 nos 3,1 por cento, descendo para 2,0 por cento em 2007 e no ano seguinte para 1,8 por cento.