O lançamento sábado da sonda Odisseia Marte 2001 pela NASA marca o reatamento das missões rumo ao planeta vermelho, após os dois fracassos norte-americanos registados em 1999.
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A sonda integra um programa que compreende o lançamento de mais 20 visando obter «uma compreensão total, completa», do planeta, sublinhou o director do programa de exploração de Marte, Scott Hubbard.
Qualificada como uma «etapa essencial na exploração de Marte» pelo administrador adjunto da NASA para as Ciências do espaço, Ed Weiler, a sonda será lançada às 16:02 horas (hora de Lisboa) a partir do centro espacial Kennedy, perto de Cabo Canaveral (Flórida).
Após uma viagem de 460 milhões de quilómetros, a sonda deverá colocar-se na órbita de Marte em Outubro.
Mas a Mars Odyssey 2001 (nome da sonda em inglês) mais não é do que outro elemento a juntar ao grupo de sondas que observam já o astro ou que o farão nos próximos anos, um programa revisto em baixa após desaparecimento no final de 1999 das sondas Mars Climate Orbiter e Mars Polar Lander, perdidas devido a erros humanos.
Desde 1997 que a Mars Global Surveyor orbita em redor do planeta vermelho, cartografando e fotografando-o sistematicamente. Uma outra sonda, a japonesa Nozomi, está a dirigir-se para Marte, devendo posicionar-se na órbita do planeta entre 2003 e 2004.
Para os próximos tempos, a NASA «desenvolveu uma campanha para explorar Marte de forma inigualável na história da exploração espacial», segundo as palavras do director do programa Marte, Scott Hubbard.
Este novo plano, mais pequeno relativamente a projectos anteriores, prevê uma dezena de missões em 20 anos. Nos próximos quatro anos, o orçamento anual destinado ao planeta será de 400 milhões de dólares (88 milhões de contos).
Trata-se, segundo o novo programa, de procurar os locais mais interessantes através de imagens recolhidas em órbita, antes de pousar na superfície.
Os cientistas vão tentar, nomeadamente, encontrar os locais mais susceptíveis de esconderem água em forma líquida no subsolo. A Mars Odyssey 2001 vai tentar detectar água ou gelo na superfície do solo vermelho.
Em 2003, uma nova etapa será alcançada através de dois robôs móveis que serão lançados no planeta para aí analisarem rochas. Os engenhos serão capazes de percorrer uma centena de metros por dia, ainda que o Sojouner, o pequeno robô da sonda Mars Pathfinder, não tenha podido percorrer mais do que essa distância nas poucas semanas da sua missão em 1997.
A partir de 2005, a Mars Reconnaissance deverá permitir tirar fotografias de objectos com 20 a 30 centímetros, garantindo marcações mais detalhadas para futuras missões de aterragem.
Depois, em 2007, um «laboratório científico móvel» será instalado no planeta enquanto um balão ou um avião poderão cobrir longas distâncias para observar de perto vastas regiões.
Por último, a NASA e a França projectam para 2014 ou 2016 a recolha de 200 a 500 gramas de amostras de solo marciano, trazendo-as para Terra.
Este projecto ambicioso permitirá pela primeira vez examinar minuciosamente rochas marcianas «virgens», já que até agora os cientistas apenas dispunham de meteoritos que poderão ter sido contaminados na altura da sua queda na Terra.
O envio de um homem a Marte, que muitos projectam para 2020, não está ainda na ordem do dia, uma vez que a NASA concentra-se primeiro numa das questões que mais estimula a curiosidade dos astrónomos, as marcas eventuais de uma vida passada ou presente no planeta vermelho.