A OMS e a Cruz Vermelha estão preocupados com o aumento alarmante de casos de tuberculose multi-resistente em particular em países próximos da União Europeia. A Cruz Vermelha defende mesmo uma reacção enérgica por parte dos governos da UE.
Corpo do artigo
A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Cruz Vermelha querem que os governos da União Europeia lutem contra o aumento alarmante de casos de tuberculose multi-resistente, nomeadamente nos países da Europa de Leste e na Ásia Central.
O secretário-geral da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho explicou que esta resistência aos medicamentos «constitui sem dúvida o desafio mais grave em matéria de tuberculose na Europa desde a II Guerra Mundial».
«É por isso que insistentemente dizemos aos dirigentes europeus para reagirem energicamente sem a mínima demora, por que senão corremos o risco de a crise escapar ao nosso controlo», acrescentou, em comunicado, Markku Niskala.
O director do serviço anti-tuberculose da OMS sublinhou que as «zonas mais perigosas da tuberculose fármaco-resistente situam-se na periferia da União Europeia».
«Os investimentos na luta contra esta doença devem estar à altura da ameaça e devem figurar na lista de prioridades europeias, em particular dos países doadores. Os europeus deveriam saber que têm de resolver os seus próprios problemas, sobretudo os que têm esta gravidade», concluiu Mário Raviglione.
Segundo a Cruz Vermelha, cerca de 450 mil pessoas na Europa Oriental e na Ásia Central contraem este tipo de tuberculose e cerca de 70 mil morrem, sendo que 14 dos 20 países que têm mais taxa desta doença estão nestas duas zonas do mundo.
O mau uso dos medicamentos anti-tuberculose de segunda intenção, que constituem a última linha de defesa contra a doença, têm estado na origem da multiplicação de casos em alguns países.
Na Rússia e na Ucrânia, em especial, este problema tem-se agravado devido ao aumento acelerado da prevalência do vírus da SIDA, que baixa das defesas imunitárias e favorece o aparecimento da tuberculose multiressistente.
Entretanto, a Organização Mundial de Saúde, a Cruz Vermelha e cerca de 20 organizações não-governamentais anunciaram o lançamento de uma aliança a fim de melhorar a luta contra esta doença e de sensibilizar os governos para este problema.
Apesar de Portugal ser o país com a maior taxa de incidência de casos de tuberculose, o coordenador do Programa Nacional de Luta contra a SIDA explicou que o número de casos da variante multi-resistente da doença não significativa no nosso país.
Em declarações à TSF, Henrique de Barros adiantou ainda que é a «tuberculose é a doença que mais frequentemente leva ao disgnóstico de SIDA».
«É muito importante que em determinadas circunstâncias, como quando um doente tem uma infecção transmitida sexualmente, deve ser sempre proposta a realização do teste VIH», adiantou.
Segundo Henrique de Barros, Portugal é o país onde a proporção de casos onde a tuberculose surge associada ao VIH, com um em cada seis casos a terem as duas doenças.