A ONU vai criar uma célula de crise para tentar evitar a escala dos preços dos alimentos. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu também à comunidade internacional que pague os 755 milhões de dólares que o Programa Alimentar Mundial precisa para sobreviver à actual crise alimentar.
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A ONU anunciou, esta terça-feira, a criação de uma célula de crise com o objectivo de travar a subida dos preços dos alimentos, que estão na origem de muitos levantamentos sociais um pouco por todo o mundo.
«Consideramos que a dramática subida nos preços mundiais dos alimentos evoluiu para um desafio sem precedentes de proporções globais», afirmou a ONU, que entende que esta crise está a afectar em particular as pessoas mais pobres.
Em Berna, o secretário-geral da ONU pediu à comunidade internacional para que pague os 755 milhões de dólares em fundos de emergência que o Programa Mundial Alimentar (PAM) necessita para ultrapassar a actual crise alimentar.
«Sem este financiamento, corremos o risco de um espectro de fome por todo o mundo, má nutrição e agitação social numa escala sem precedentes», acrescentou Ban Ki-moon.
Josette Sheeran, a directora-executiva do PAM, disse que esta organização da ONU dispõe de recursos que dão para pagar menos 40 por cento em géneros alimentares do que em Junho por causa da subida dos preços dos alimentos.
Numa conferência de imprensa conjunta, o presidente do Banco Mundial recordou que apesar de os preços do trigo terem baixado nos últimos dias, os preços do arroz e do milho deverão manter-se altos.
Robert Zoellick aproveitou ainda a ocasião para pedir aos países para que não impeçam a exportação de géneros alimentos, medidas que apenas agravam o problema, pois promovem a subida de preços e atingem as pessoas mais pobres.
O responsável máximo do Banco Mundial fazia referência às medidas adoptadas por países como a Argentina, o Brasil, o Vietname, a Índia e o Egipto que recentemente impuseram limitações a certos produtos para garantir a segurança alimentar das suas populações.
Zoellick aproveitou para saudar a atitude da Ucrânia, que aboliu as restrições de exportações de alimentos, tendo dito que acredita que outros paúses farão o mesmo no futuro.
Estas declarações surgiram no dia em que o PAM anunciou a suspensão do fornecimento de pequenos-almoços gratuitos a 450 mil alunos cambodjanos, em particular por causa do aumento do preço do arroz.
O preço das melhpores variedades de arroz duplicou em cerca de um ano neste país asiático, passando de 300 a 400 dólares por cada tonelada para 700.
Os responsáveis máximos da ONU, do Banco Mundial, do Programa Alimentar Mundial, da Organização Mundial de Comércio, bem como de outras organizações mundiais estão reunidos desde segunda-feira em Berna para gizar um plano de luta contra o aumento dos preços dos alimentos.