Agora que foi clonado um embrião humano, o mundo questiona: será que vamos assistir ao nascimento do clone? Luis Archer, da Comissão de Ética para as Ciências da Vida, e o especialista em genética, José Rueff, expressam as suas opiniões.
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Primeiro é a clonagem de um embrião humano, e depois o que vem a seguir. Teme-se que o mundo ainda venha a testemunhar o nascimento de um bebé clonado.
É pelo menos esse o cenário traçado nos Estados Unidos, pelos políticos mais receosos e mais contrários à ideia da clonagem de embriões humanos.
No domingo, a sociedade « Advantage Cell Tecnology» anunciou essa experiência alcançada com êxito, a clonagem de um embrião para produzir células destinadas ao tratamento de várias doenças, como a diabetes, alzaimer, parkinson, ou até mesmo o cancro, a sida ou as doenças cardíacas.
Os cientistas dizem que é apenas esse o objectivo da experiência, mas os republicanos temem outros passos mais ousados, da ciência, e querem por isso, travar de vez as experiências, seja com dinheiros públicos ou privados.
Os democratas não escondem, também, algumas preocupações éticas, e admitem em vir a defender um projecto que limite a clonagem de embriões humanos para fins terapêuticos.
Luis Archer, da Comissão de Ética para as Ciências da Vida, considera que podemos estar perante a primeira fase da criação do clone humano. Para Archer, nem as vantagens terapêuticas justificam estas experiências dizendo que «o problema é que parece querer-se transformar a vida humana numa fábrica de produtos terapêuticos».
«Acho que a pessoa vale mais que tudo o resto, que a própria saúde (...) não vejo que os benefícios terapêuticos, por grandes que sejam, compensem esta ilusão do respeito pelo valor intrínseco da vida humana», afirmou em declarações à TSF.
O especialista em genética, José Rueff, também em declarações à TSF, admitiu que os problemas éticos levantados pela experiência anunciada, no domingo, podem ser tidos em conta, e a ciência poderá, nesse caso, optar pelo recurso a outras alternativas.
Rueff considera que «é retirar, de alguma maneira, algum grau de dignidade ao ser, ao instrumentalizá-lo ao nível do fármaco, ao nível do instrumento terapêutico».
José Rueff avança com uma segunda alternativa, afirmando que «células não obtidas por clonagem possam eficazmente servir de células pluripotentes, para substituir células mortas ou lesadas que venhamos a ter ao longo do nosso processo de vida, então o caminho terapêutico, essa marcha terapêutica far-se-ia por essa segunda via, e não pela via da clonagem».
Agora que foi clonado um embrião humano, o mundo questiona: será que vamos assistir ao nascimento do clone?