O Bloco de Esquerda classificou a proposta de redução dos poderes do Presidente da República como «estratégia de Alberto João Jardim». O PS diz com esta ideia o PSD foge às responsabilidades e uma «vontade frustrada de retaliação».
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Todos os partidos de esquerda com assento parlamentar foram unânimes em considerar que a proposta de Guilherme Silva para a redução dos poderes do Presidente da República é inaceitável.
Em declarações à TSF, Francisco Louçã, disse que esta ideia é uma «estratégia de Alberto João Jardim», que assenta no «lançar poeira para os olhos e berrar o mais alto possível e fazer propostas incoerentes».
«O PSD não fez esta proposta na revisão constitucional, não a vai fazer, não está a propor e nem o está a fazer para as próximas eleições. Quer fazer um ajuste palaciano de contas, mas os portugueses sabem e suspiram de alívio, porque têm a possibilidade de escolher um Governo», acrescentou o deputado do Bloco de Esquerda.
O socialista José Magalhães diz mesmo que a proposta do líder parlamentar do PSD «não deve ser levada a sério. Pois é feita por Guilherme Silva, o que revela enorme duplicidade e distribuição de papéis».
«O primeiro-ministro simula uma atitude respeitosa e o líder parlamentar, que seguramente não fala sem se consertar com o primeiro-ministro, vem propor uma alteração no sistema de Governo do dia para a noite e fala em nome de um suposto direito à indignação», explicou à TSF.
O parlamentar do PS considerou ainda que este tipo de proposta «revela uma tentativa de fuga à responsabilidade e uma enorme vontade frustrada de retaliação, uma vez que não está nas mãos do PSD alterar uma vírgula da Constituição».
«O PS dificilmente pode ser desafiado para descaracterizar o sistema de Governo português, sobretudo a quente e como vingança em relação a uma decisão presidencial que foi oportuna e impecavelmente constitucional e saudada com alívio pela maior parte do povo português», concluiu.
Por seu lado, Bernardino Soares, do PCP, admitiu que, no sistema democrático, há sempre possibilidade de melhoramentos, contudo, a proposta de Guilherme Silva nada melhoraria.
«Retirar o papel importante que o Presidente da República tem no sistema constitucional e transformar o sistema político num controlo do Governo nos casos de maioria absoluta não melhoraria o sistema democrático, muito pelo contrário», concluiu.