Ordem dos Médicos critica contratação de clínicos tarefeiros

O bastonário da Ordem dos Médicos está preocupado com a contratação de clínicos tarefeiros pelos hospitais para resolver a falta de pessoal nas urgências hospitalares.

Na edição desta quarta-feira, o jornal Diário de Notícias avança que os hospitais estão a recorrer a empresas de mão-de-obra médica não licenciada como forma de colmatar a falta de médicos nas suas equipas.

Em declarações ao jornal, a secretária de Estado adjunta da Saúde, Carmen Pignatelli, admite que este é um mercado nasceu «desregulado» e que «ninguém garante a qualidade» do atendimento, acrescentando que o Executivo se prepara para estabelecer um conjunto de regras com vista a regular o funcionamento das mais de 40 empresa que actuam no sector sem controlo.

Ouvido pela TSF, Pedro Nunes, bastonário da Ordem dos Médicos, manifestou a sua preocupação com a estabilidade das equipas das urgências, a qual considera vital para assegurar um atendimento de qualidade.

«As equipas das urgências devem ser equipas em que as pessoas se conhecem muito bem e que estão habituadas a trabalhar umas com as outras, sabem os pontos fracos de uns e outros, que cada profissional tem, e conseguem optimizar em cada momento a reposta que dão aos doentes. A urgência é algo que muitas vezes precisa de um grande entrosamento das equipas e isso não é compatível com pessoal que "hoje vem um amanhã vem outro", são tecnicamente competentes mas não se conhecem», adiantou o bastonário.

Para a Ordem, «esta é mais uma das perversões provocadas por uma certa lógica gestionária que tem pervertido a gestão habitual e eficiente do serviço de saúde» português.

O Ministério da Saúde nega que o descontrolo da qualidade das empresas que fornecem médicos aos hospitais seja resultado de politicas de contenção.