A Ordem dos Médicos não está a ponderar modificar o seu código deontológico no que toca ao aborto. A União de Mulheres Alternativa e Resposta critica este código por ser mais restritivo que a actual lei e apresenta esta segunda-feira uma queixa à Provedoria de Justiça.
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O bastonário da Ordem dos Médicos não está a pensar alterar o código deontológico da classe a propósito da prática do aborto, nem que a lei sobre esta questão venha a ser alterada.
Apesar das críticas da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) ao código deontológico dos médicos, Pedro Nunes recordou que a «ética não é alterável pelas modas que as sociedades tenham e pelas leis que correspondem a essas modas ou essas alterações políticas».
«Já expliquei que a ética médica é algo que tem um carácter universal. Nos países onde há pena de morte, os médicos também têm no seu código deontológico a não colaboração em casos de pena de morte», acrescentou o bastonário.
Em declarações à TSF, Pedro Nunes lembrou ainda os casos em que os médicos violam o código deontológico e aos quais não lhes acontece «porque cumprem a lei», apesar das críticas de outros médicos.
«Não nos peçam para alterar a nossa maneira de pensar, porque não pedimos a ninguém para alterar a sua maneira de pensar», concluiu Pedro Nunes.
Por seu lado, a UMAR critica este código deontológico, ao considerar que é mais restritivo que a lei penal, algo que entende merecer a entrega de uma queixa à Provedoria de Justiça, o que será feito ainda esta segunda-feira.
«Evidentemente que esperamos que a Ordem dos Médicos seja sensível ao avanço dos tempos e não mantenha um princípio que diz mais respeito a posição das mulheres da época medieval do que aos tempos actuais da civilização», afirmou a vice-presidente da organização, Maria José Magalhães.