A Ordem dos Médicos não está preocupada com a eventual saída de médicos espanhóis de Portugal, isto após o governo regional da Galiza ter mostrado intenção em reaver os que saíram nos últimos anos. Pedro Nunes explica que há outros factores que têm maiores efeitos no SNS.
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A Ordem dos Médicos não está preocupada com a intenção do governo regional da Galiza em rever os médicos espanhóis que vieram trabalhar para Portugal nos últimos anos.
Ouvido pela TSF, Pedro Nunes considerou é natural que os médicos espanhóis tenham vindo para Portugal, num período anterior em que havia um excesso relativos de clínicos em Espanha e um défice em Portugal.
«É natural que se Portugal começar a tratar mal os médicos que estes tendam a ir trabalhar em Espanha ou noutros países onde lhes dêem melhores condições. Isso é o que é normal no contexto do Mercado Único Europeu em que há livre circulação de profissionais», acrescentou.
Pedro Nunes adiantou, no entanto, que entende que não são as emigrações de médicos, mas sim atitudes como «cortar desmesuradamente os meios postos à disposição da Saúde e insistir que a Saúde é um gasto e não um investimento» que põem em perigo o Sistema Nacional de Saúde (SNS).
A delegada de Saúde Pública da Região Norte compreende que os médicos espanhóis queiram regressar ao seu país, mas lembra que é Portugal que ficará a perder, até porque foi o responsável pela sua formação, que teve custos.
«Portugal especializou-os, investiu na sua formação específica e absorveu-os no seu quadro e agora provavelmente é Espanha que vai desfrutar desse investimento português», afirmou Delfina Ferreira da Silva.
Também em declarações à TSF, esta responsável recordou que na base desta saída podem estar «regras em que o médico estrangeiro não pode ser nomeado Autoridade de Saúde», algo que Delfina Ferreira da Silva entende que podem constituir um constrangimento.
Segundo dados revelados pelo governo regional galego, o número de vagas livres na área de Saúde daquela região autónoma espanhola ascendem a 687, 585 das quais correspondentes a médicos especialistas.
De acordo com o «Diário de Notícias», este défice é particularmente acentuado em pediatras e anestesistas, um problema que o governo liderado por Emílio Perez Touriño entende como «estrutural» em toda a União Europeia.
As autoridades galegas, que admitem a contratação de clínicos noutros países europeus, consideram que a saída de médicos e enfermeiros da Galiza especialmente para Portugal e para Inglaterra teve a ver com a procura de melhores condições.