A Ordem dos Médicos reconhece que há falta de médicos nas urgências de pediatria mas «não há razão para pânico». No entanto, rejeita a possibilidade de as equipas de urgências pediátricas serem reforçadas com especialistas de medicina geral e familiar.
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O Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos (OM) reuniu na terça-feira à noite para discutir a prestação de urgência pediátrica à cidade de Lisboa. Da reunião resultou um comunicado, emitido ao início da madrugada, em que reitera a ideia de «situação real de carência de médicos que o Ministério não previu nem para a qual aparentemente consegue encontrar soluções».
O texto da OM indica que «não há razão para qualquer pânico nem preocupação por parte da população de Lisboa» relativamente às urgências pediátricas.
A OM diz acompanhar «com muita preocupação» a situação e acusa o ministério da Saúde de não ter manifestado interesse numa intervenção da Ordem neste assunto, indicando que apenas intervém agora publicamente devido à «discussão pública e risco de pânico».
Esta posição ocorre um dia depois de apenas dois médicos estarem escalados, segunda-feira à noite, para as urgências pediátricas nocturnas de Lisboa, no Hospital Dona Estefânia, asseguradas aos domingos e segundas por médicos do Hospital de Santa Maria.
Regras não podem ser alteradas «segundo conveniência de circunstância»
Manifestando-se contra a possibilidade de as equipas de urgências pediátricas serem reforçadas com especialistas de medicina geral e familiar - até devido à «conhecida carência de médicos de família» -, a secção regional do sul da Ordem dos Médicos finaliza o comunicado sustentando a ideia de que «os Portugueses têm o direito a ser tratados com equipas organizadas de forma organizada».
Indicando que «um serviço hospitalar de referência deve observar regras técnicas de constituição das mesmas que não podem ser alteradas segundo conveniência de circunstância», questiona por fim os «responsáveis políticos da Saúde» sobre o número de vagas no quadro dos hospitais de Santa Maria e D. Estefânia que se encontram não providas por terem sido postas a concurso.
A Ordem «manifesta ainda a sua confiança nos médicos dos hospitais de D. Estefânia, S. Francisco Xavier e Santa Maria», defendendo que com o esforço dos médicos, «com que desde sempre os Portugueses puderam contar, também esta situação terá de ser ultrapassada».
Terça-feira, reagindo às críticas sobre a carência de médicos nas urgências pediátricas de Lisboa, o ministro da Saúde, Luís Filipe Pereira, afirmou que o Hospital de Santa Maria dispõe de 55 pediatras, 11 dos quais internos, mas apenas 18 fazem urgências, e reafirmou que a solução encontrada é «a mais sensata, de mais equilíbrio e aquela que beneficia a população».