Especialistas de Biotecnologia, reunidos sob a égide da ONU e da OCDE, aconselham os países asiáticos a aceitar os organismos geneticamente modificados sem reservas, já que a solução para a fome neste continente poderá passar pelos OGM.
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Especialistas de Biotecnologia, reunidos sob a égide das Nações Unidas e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimentos Económicos (OCDE), aconselham os países asiáticos a adoptar sem receios os organismos geneticamente modificados (OGM), de forma a poderem alimentar as suas populações nos próximos anos.
Os especialistas estiveram reunidos em Banguecoque e Roberth Bertram, da agência governamental norte-americana de ajuda ao desenvolvimento (USAID), diz que «durante os próximos 20 anos, a produção de alimentos tem de aumentar 40 por cento para acompanhar o crescimento da população mundial, particularmente na Ásia».
A conferência realiza-se sob o tema «Biotecnologias modernas, novos alimentos e novas culturas: uma prova para a ciência, a segurança e a sociedade» e reúne cerca de 200 funcionários e industriais do sector agro-alimentar.
Bertram diz ainda que «os agricultores pobres dos países em desenvolvimento ficariam surpreendidos com os debates que acontecem nos países do Norte». Os defensores dos OGM consideram que a polémica ao redor destes alimentos, incitada pelos ecologistas, é um luxo dos países ricos.
Clive Pegg, da Aventis CropScience, entende que os riscos dos OGM são «geríveis» já que é «virtualmente impossível obter uma segurança absoluta, quer com as antigas, quer com as novas tecnologias». «O maior risco é que a revolução genética e as novas tecnologias passem ao lado dos pobres e instituam um apartheid tecnológico mundial», considera.
Actualmente a China é o único país asiático a produzir plantas transgénicas com fins comerciais, como o algodão, permitindo reduzir os custos com os pesticidas. As investigações com OGM na região incidem em alimentos como o arroz e papaias, capazes de resistir a doenças e a insectos.
Conferência desvaloriza moda dos OGM
Na conferência houve ainda espaço para lançar algumas críticas à moda dos OGM, em detrimento de outras técnicas científicas. Um ecologista indiano, Suman Sahai, disse que, no seu país, «o mais pequeno projecto de investigação sobre OGM encontra financiamento, enquanto que outros programas de cultura tradicionais, válidos do ponto de vista científico, não são financiados por não estarem na moda».
Esta conferência é patrocinada pelo Reino Unidos e pela OCDE e conta com a cooperação da ONU, assim como do governo da Tailândia. Os organizadores anunciaram que o objectivo da conferência passa por «fazer avançar o debate internacional sobre as biotecnologias modernas».
A delegação da Greenpeace para o sudeste asiático, a associação local Bio Thai, assim como outros grupos de defesa do Ambiente, decidiram recusar o convite para participar, por considerarem que a reunião servia os «interesses das multinacionais».
Os resultados desta reunião deverão ser conhecidos na próxima cimeira dos G8, em Genes.