A Palma de Ouro do 59º Festival Internacional de Cinema de Cannes foi entregue ao realizador Ken Loach pelo filme «The Wind That Shakes the Barley». Os realizadores Almodôvar e Iñárritu também receberam prémios, mas o seu favoritismo não foi suficiente para convencer o júri.
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Os favoritos Pedro Almodovar e o mexicano Alejandro Gonzales Iñárritu tiveram de se contentar com prémios de consolação.
Almodôvar, e o seu «Volver», foram premiados com os prémios de Melhor Argumento e de Interpretação Feminina, atribuído ex-aequo a todo o elenco feminino.
No grupo de actrizes premiadas encontram-se nomes como Penélope Cruz, dada como favorita para este prémio, Cármen maura, Lola Duenas, Blanca Portillo, Yohana Cobo e Chus Lampreava.
O mexicano Iñárritu, realizador de «Amor Cão» e «21 Gramas» recebeu o prémio de Melhor Realização por «Babel», um drama sobre a incomunicabilidade entre povos, pais e filhos, governos ou nos casais. A sua acção desenrola-se ao mesmo tempo em Marrocos, na fronteira entre o México e os Estados Unidos e no Japão, e é falado em quatro idiomas: inglês, árabe, espanhol e japonês.
A Palma de Ouro foi entregue a Ken Loach com «The Wind That Shakes the Barley»,um filme que dividiu muitas opiniões mas considerado por muitos como a melhor obra do cineasta de «Terra e Liberdade».
«The Wind That Shakes the Barley», através da história de dois irmãos, retrata a luta dos republicanos irlandeses contra as tropas da ocupação inglesa, as Black and Tans.
«Se ousarmos dizer a verdade sobre o passado, talvez possamos ousar dizer também a verdade sobre o presente», afirmou o realizador na recepção do prémio.
A Palma de Ouro para curta-metragem foi atribuída a «Sniffer», da norueguesa Bobbie Peers, um filme de 10 minutos que tem a particularidade de não ter diálogos.
Na categoria da interpretação masculina, o prémio foi entregue ao elenco masculino do filme «Indigènes», do francês Rachid Bouchareb, que integra as maiores estrelas francesas de origem norte-africana.
Esta foi, aliás, a primeira vez que os dois prémios de interpretação foram entregues, ao mesmo tempo, a interpretações colectivas.
O filme, largamente aplaudido no dia da sua projecção, presta homenagem ao papel desempenhado pelos soldados do Exército Africano na luta pela libertação da França, no final da IIª Guerra Mundial.
O Grande Prémio do Júri, a medalha de prata do Festival, foi para o controverso «Flandres», um filme de guerra metafísico do "enfant-terrible" francês Bruno Dumont.
O Prémio Especial do Júri foi para «Red Road» da escocesa Andrea Arnold que, assim, se tornou na grande revelação de Cannes 2006.
Ausente do palmarés ficou «Juventude em Marcha» do realizador português Pedro Costa, bem como o cinema norte-americano: Sopfie Coppola, Richard Clayton e Richard Kelly saíram de Cannes de "mãos a abanar".
Palmarés do 59º Festival Internacional de Cinema de Cannes:
Palma de Ouro - «The Wind That Shakes The Barley», de Ken Loach (Grã-Bretanha).
Grande Prémio - «Flandres», de Bruno Dumont (França).
Prémio do Júri - «Red Road», de Andrea Arnold (Grã-Bretanha).
Melhor Realizador - Alejandro González Iñárritu com «Babel» (México).
Melhores actores - Jamel Debbouze, Samy Naceri, Roschdy Zem, Sami Bouajila, Bernard Blancan por «Indigènes«, de Rachid Bouchareb (Argélia).
Melhores actrizes - Penélope Cruz, Cármen Maura, Lola Dueñas, Blanca Portillo, Yohana Cobo e Chus Lampreave por «Volver», de Pedro Almodóvar (Espanha).
Melhor argumento - «Volver», de Pedro Almodóvar (Espanha).
Câmara de Ouro (melhor primeira obra) - «A Fost Sal na Fost?», de Corneliu Porumboiu (Roménia).
Melhor curta-metragem - «Sniffer», de Bobbie Peers (Noruega).
Grande prémio (curta-metragem) - «Primera Nieve», de Pablo Aguero (Argentina).