O Parlamento rejeitou, esta quarta-feira, um voto de condenação da Guerra no Iraque, iniciada há cinco anos, após uma acesa discussão entre o Bloco de Esquerda e o PS, partido que viabilizou o «chumbo» do voto ao optar pela abstenção.
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O voto, que evocava a Cimeira das Lajes e condenava a Guerra do Iraque, foi apresentado pelo Bloco de Esquerda como necessário para «lavar a honra do Estado» português que apoiou a invasão do país baseado «em alegações
falsas sobre a existência de armas de destruição massiva».
O texto argumentava que «não se pode manter hoje a falsidade que então foi apresentada aos portugueses para fundamentar o apoio português à guerra».
A polémica surgiu quando a deputada do PS Ana Catarina Mendes anunciou que, apesar de «concordar genericamente» com o texto do voto, que foi negociado entre os socialistas e bloquistas, o PS iria abster-se.
A abstenção do PS viabilizou o chumbo do voto, já que o PSD e o CDS-PP votaram contra enquanto as bancadas da esquerda, em menor número de deputados, votaram a favor.
Ana Catarina Mendes justificou a opção por, afirmou, o BE ter recusado incluir uma «palavra de saudação» às forças de segurança portuguesas que prestaram serviço no Iraque.
O deputado do BE Fernando Rosas insurgiu-se contra a posição do PS, frisando que o texto foi negociado entre as direcções das duas bancadas e sugeriu que o PS mudou o sentido de voto seguindo o conselho do Governo.
O líder da bancada do PSD, Santana Lopes, interveio na discussão para «falar em nome de Durão Barroso», à altura, 2003, primeiro-ministro português.
O ministro dos Assuntos Parlamentares, Santos Silva, criticou o texto do voto proposto pelo Bloco de Esquerda, afirmando que é incompleto não só por não referir as forças de segurança portuguesas no Iraque mas também por «não tomar posição sobre a natureza do regime [de Sadam Hussein] em 2001».
O PCP e o PEV votaram favoravelmente o voto de condenação. O deputado comunista Jorge Machado destacou que «os EUA mentiram deliberadamente» em várias alegações para fundamentar a invasão do Iraque, afirmando que as verdadeiras razões foram «o projecto imperialista sobre o mundo» e o petróleo.