Um novo aditivo para a gasolina, em fase experimental, poderá reduzir em cerca de 70 por cento as emissões poluentes. A investigação procurou um aditivo anti-detonação inócuo e foi de encontro a uma coisa tão simples como a pastilha elástica.
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Até aqui tínhamos o chumbo e a benzina que em devido tempo foram proibidos como agentes poluentes. Agora, vamos em busca dessa solução mais limpa, desse aditivo anti-detonação encontrado por um professor de química norte-americano de nome Paul Waters.
O nome é comprido mas o princípio é simples. O poliisobutileno, um polímero muito usado no fabrico de borracha sintética, altera o comportamento físico do combustível após injecção. Já dentro do cilindro (motor), as gotas de combustível deixam de ter tamanhos e tempos de combustão diferentes e passam a actuar, ou a queimar - a explodir - como um todo.
Paul Waters, um professor de química da American University, em Washington, já reformado, nos seus 70 anos, explica o funcionamento deste aditivo milagroso que inventou: «As pequenas partículas são eliminadas, ou quase, e isso acaba com o fenómeno da detonação, eliminando também a formação de óxido de nitrogénio. Este combustível queima mais rapidamente do que a gasolina comum e isso significa que a combustão é mais completa. Mais energia química é, assim, transformada em energia mecânica, em movimento dentro do motor, e menos energia é perdida na forma de calor. Isto porque as temperaturas estão muito abaixo das registadas num motor que funcione com gasolina comum».
É este o grande segredo: menor temperatura dentro do motor, combustão quase perfeita, logo menos poluição e mais eficiência técnica. Por outras palavras, com a mesma gasolina no depósito consegue-se fazer mais quilómetros.
A ciência tem destes acasos: boa barte do novo produto é usado há muito tempo para fabricar - imagine-se - pastilhas elásticas. Inofensivo, pois.
«É tão benéfico e, ainda por cima, não tóxico. Aliás, em parte, os componentes de peso molecular mais leve deste polímero são usados para fabricar pastilha elástica. Ou seja, este polímero está disponível há mais de 50 anos para as pessoas mascarem e não tem qualquer toxicidade associada. É, portanto, um agente anti-detonação ideal. Ainda por cima ajuda a reduzir as emissões de poluentes», revela Waters.
É esta a grande vantagem: não só funciona como anti-detonante, fazendo o mesmo papel que fazia o chumbo aqui há uns anos, como, ainda por cima, reduz cerca de 70 por cento das emissões de poluentes.
«Esta é a média», afirma Paul Waters. «De facto, é muito melhor do que isso. Mas temos de ser cautelosos, não queremos reivindicar dados que depois não possamos confirmar. Com os óxidos de nitrogénio, por exemplo, que são muito maus, levando, nomeadamente, à formação de smog, obtém-se uma redução, em carros novos, de cem por cento. Em carros mais velhos, pode andar à volta dos 50, 60 por cento».
Menos smog, mais potência (um aumento de dez a 12 por cento nos motores a gasolina) e um menor consumo, os testes têm apontado para uma redução da ordem dos 20 por cento no caso da gasolina e para perto dos 50 por cento nos motores a diesel.
Um milagre que ainda está longe das lojas e das bombas de gasolina. Paul Waters não está, por enquanto, ligado a qualquer grande companhia petrolífera. Trata-se de um investigação quase caseira. «Somos um grupo muito pequeno de três pessoas e não temos nada que se compare a uma equipa de marketing. Além disso, fizemos muitos testes antes de começarmos a falar deste produto em público. Temos andado em testes nos últimos cinco anos. Isto é, sabemos como funciona e sabemos porque funciona. Esperamos que qualquer pessoa que o queira comprar o possa fazer».