O PCP da Marinha Grande anunciou esta terça-feira a renúncia do presidente da Câmara local, João Barros Duarte, ao mandato autárquico. João Duarte vai ser substituído, a partir de 03 de Outubro, pelo vice-presidente da autarquia, Alberto Cascalho. O PS fala em «golpada» dos comunistas.
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Em conferência de imprensa, o dirigente comunista Filipe Andrade apontou a necessidade de renovação e a idade de Barros Duarte (73 anos) como as causas para esta substituição a meio do mandato.
Além disso, existia um "acordo" entre o partido e o autarca - desde as eleições autárquicas - que previam a sua substituição apesar de «não ter sido definida uma data» concreta, explicou o dirigente.
O partido elogiou o trabalho de vários anos de Barros Duarte à frente do município, «dando expressão ao projecto autárquico do PCP», bem como o seu «contributo inestimável para a melhoria das condições de vida dos marinhenses e para o progresso e desenvolvimento da cidade».
Há dois anos, Barros Duarte reconquistou a autarquia para a CDU, depois de três mandatos de gestão maioritária do PS. O autarca comunista obteve uma maioria relativa no executivo, que tem tido o apoio do vereador do PSD, Artur Oliveira, a quem foram atribuídos vários pelouros.
Fazendo uma «avaliação positiva do trabalho desenvolvido pelo conjunto dos eleitos da CDU», a estrutura local do PCP criticou duramente o trabalho feito pelo PS no concelho, contribuindo para vários problemas de gestão financeira do município.
O futuro presidente, Alberto Cascalho, reafirmou a abertura do partido em ceder pelouros aos restantes partidos, após uma «"avaliação política» do trabalho realizado nos vários sectores.
Embora assumindo diferenças de estilos pessoais com o ainda presidente, Alberto Cascalho garantiu o seu empenho em cumprir o programa eleitoral da CDU, que prevê projectos a mais do que um mandato.
«O que está em causa é a gestão dos destinos do concelho», até porque o «estado das finanças (do município) é bem mais negro» do que aquilo que os comunistas estavam à espera quando ganharam a autarquia, explicou o até agora vice-presidente.
A Agência Lusa tentou obter um comentário junto de Barros Duarte, mas o autarca não estava contactável.
Confrontado com esta notícia, o vereador socialista João Paulo Pedrosa considerou que se trata de «uma golpada e um logro do PCP, que não respeita a vontade eleitoral e faz uma transição de poder como se fosse uma monarquia».