Má sinalização, falhas nas infra-estruturas e pavimento degradado são os «pontos negros» mais comuns nas estradas nacionais. Das 1400 queixas que chegaram à Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados, metade referem-se ao distrito de Lisboa.
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O relatório da campanha «Vamos Acabar com os Pontos Negros» foi apresentado esta quarta-feira. Durante nove meses, cerca de 1400 cupões com denúncias de pontos negros chegaram à Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M).
Destes cupões, mais de 900 já seguiram para as entidades responsáveis em forma de requerimento. Mas até agora, a ACA-M recebeu apenas 195 respostas das entidades competentes.
O Instituto das Estradas de Portugal (IEP), para onde foram encaminhadas quase 200 reclamações, apenas deu resposta a 49 requerimentos. Como forma de protesto pela indiferença com que estes problemas são tratados, a ACA-M ergueu hoje uma cruz de madeira à porta do IEP, em Almada.
Problemas: sinalização, infra-estruturas, pavimento
Tabela 1«A identificação de 1400 pontos negros nas ruas e estradas portuguesas é prova do empenho dos cidadãos na resolução dos problemas da infra-estrutura rodoviária», afirma a ACA-M em comunicado.
Cerca de metade dos cupões enviados pelos portugueses (598) apontam problemas nas estradas do distrito de Lisboa (ver tabela 1 com os 10 distritos onde houve mais participações). Porto, Setúbal, Coimbra e Aveiro estão entre os cinco primeiros.
Problemas de sinalização são os mais frequentes em Lisboa, Setúbal e Coimbra. Falhas nas infra-estruturas e degradação do pavimento são os pontos negros mais comuns no Porto e em Aveiro (ver tabela 2, com as 10 estradas mais negras).
As denúncias revelam uma situação trágica das estradas portuguesas. Contudo, a associação considera que a campanha «Vamos Acabar com os Pontos Negros» teve um «êxito assinalável».
Campanha acabou, pontos negros continuam
A identificação de 1400 pontos negros «está longe de ser exaustiva» mas denuncia a «insustentabilidade económica, a falta de competência e a irresponsabilidade técnica e política» que se vive em Portugal, salienta a associação. «Muitos destes pontos falam-nos de morte, de dor e de sofrimento», conclui a ACA-M.
A campanha acabou mas os pontos negros continuam a assombrar a circulação nas estradas nacionais. Por isso, a ACA-M tem disponível no seu site um guia de requerimento para que os «cidadãos continuem a pressionar as autoridades».
O objectivo é «disponibilizar as ferramentas que nós utilizámos fornecendo minutas, exemplos e excertos de legislação», explica a associação.