O perito que realizou as perícias psicológicas a vários dos jovens com idades até aos 16 anos no processo Casa Pia atestou, esta segunda-feira, que estes menores são credíveis para testemunhar em tribunal.
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No final de mais uma sessão de julgamento,, António Mendes Pedro, professor associado do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA) e consultor convidado para avaliar os jovens com idades até aos 16 anos, defendeu as perícias realizadas e mostrou-se convicto de que os menores não inventaram.
«Muitas vezes é mais fácil omitir (abusos) do que inventar. Um jovem abusado não fala da mesma maneira de outro que está a inventar, porque um está a falar de uma experiência vivida e o outro está a falar de coisas mais ou menos racionais», disse.
António Mendes Pedro salientou ter sido este o «princípio» seguido na avaliação dos jovens e discordou da possibilidade de serem ordenadas a realização de novas perícias, pois as efectuadas anteriormente «reuniram as condições suficientes».
«Nessas perícias avaliamos o testemunho que as crianças dão sobre os presumíveis abusos, tendo em conta a coerência daquilo que é dito e, depois, avaliamos em termos de credibilidade», explicou.
O perito mostrou-se ainda contra o facto de os jovens serem submetidos a novas perícias para avaliar a sua capacidade de testemunhar em tribunal, alegando que isso implica reviver os factos e a «reiteração daquilo vivido tem consequências», pelo que a juíza presidente deve «avaliar todos os elementos em jogo».