A Procuradoria-Geral da República está a investigar a denúncia feita por Catalina Pestana, antiga provedora da Casa Pia, sobre novas situações de abusos sexuais na instituição. Em entrevista ao semanário «Sol», Catalina Pestana adianta ter suspeitas de que redes externas continuam a usar crianças da Casa Pia para abusos sexuais.
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A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirma a abertura de um inquérito após uma participação da ex-provedora da Casa Pia Catalina Pestana sobre novas situações de abusos sexuais na instituição.
Em declarações à RTP, o procurador-geral Pinto Monteiro confirmou ter recebido uma queixa de Catalina Pestana que foi depois remetida para o organismo competente que está a investigar o caso, mas não adiantou mais sobre o assunto.
Contacto pela TSF, o gabinete do ministro da Solidariedade Social, que tem a tutela da Casa Pia, recusou fazer qualquer comentário considerando que é preciso salvaguardar a reputação da instituição e dos alunos que frequentam a Casa Pia.
Em entrevista ao semanário «Sol», a ex-provedora da Casa Pia de Lisboa Catalina Pestana afirma não ter «dúvidas nenhumas de que ainda existem abusadores internos» na instituição e que participou as suas suspeitas ao PGR.
Na entrevista que faz a manchete do jornal, assinada pelas jornalistas Ana Paula Azevedo e Felícia Cabrita, a ex-provedora adianta, também, que tem «fortes suspeitas de que redes externas continuam a usar miúdos da Casa Pia para abusos sexuais».
Catalina Pestana, nomeada provedora da Casa Pia nos finais de 2003, após ter rebentado o escândalo de pedofilia com alunos da instituição, afirma que um dia antes de abandonar o cargo, a 10 de Maio deste ano, enviou uma carta ao Procurador-Geral da República a «contar detalhadamente» as suas suspeitas.
«Sei que ele mandou abrir um inquérito porque já fui ouvida», garante, acrescentando: «Não sei o que aconteceu entretanto, mas espero que, com a mesma frontalidade com que o senhor procurador diz que o Código do processo Penal tem de ser alterado, também não deixe ficar esse inquérito no fundo da gaveta».
Na entrevista, em que fala da sua infância, crescimento e percurso de vida, Catalina Pestana relata também a sua passagem na Casa Pia, o convite para provedora e as conversas que teve com os alunos e antigos alunos alegadamente abusados sexualmente, a maioria dos quais são testemunhas no processo que está em julgamento desde Novembro de 2004.