O Procurador-Geral da República considera que os crimes violentos que nos últimos tempos se têm multiplicado não são inéditos, apenas os métodos se têm actualizado. Pinto Monteiro afirma por isso que não deve haver motivo para alarme.
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O Procurador-Geral da República está convencido que os resultados das investigações vão traduzir-se em resultados no combate ao crime violento.
«Crimes violentos em Portugal sempre houve, acontece agora que há uma sequência, uma proximidade de crimes do mesmo género com muita eficiência, o que significa um profissionalismo que é perigoso, mas não é caso para alarme», afirma.
Pinto Monteiro salienta que da «parte do Governo há um esforço sério em aumentar a eficiência dos meios, através da informática e bases de dados, porque hoje o crime também joga com esse aspecto e é preciso que o combate tenha os mesmos meios».
Já sobre o novo código de processo penal, Pinto Monteiro diz estar preocupado com os alertas que têm surgido dos diversos agentes judiciais. Este responsável afirma que não pode ficar surdo às queixas.
«O Procurador-Geral da República tem que estar preocupado quando as pessoas que com ele trabalham, os 1300 magistrados do Ministério Público, dizem que o código do processo penal contém disposições que na prática se forem aplicadas dificilmente resultam», adiantou.
As palavras de Pinto Monteiro foram proferidas na inauguração da nova Sede do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público.
Um momento em que o presidente do Sindicato, António Cluny aproveitou para lembrar que a autonomia do Ministério Público deve ser uma realidade.
«Se alguma vez a autonomia vier a estar em causa então teremos que repensar todo o processo penal português que atribui ao Ministério Público o poder de investigar ao contrário do que acontecia antes que atribuía esse poder ao juiz de instrução», salientou.
No passado existia a «ideia de que o Ministério Público era uma magistratura autónoma na realidade, não retoricamente autónoma. Se algum dia alguém tiver a ideia ou a vontade de atentar contra a autonomia do Ministério Público então teremos que colocar em cima da mesa a ideia que deve voltar aos juízes o poder de conduzir a investigação», acrescentou António Cluny.
As preocupações do Presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público reiteradas, esta noite, na inauguração da nova sede do sindicato.