Cientistas alemães afirmam ter encontrado, no fundo do mar, restos da explosão de uma supernova que alterou o clima terrestre e poderá ter desencadeado a evolução do homem no planeta.
Corpo do artigo
Num artigo publicado esta quinta-feira na revista «Physical Review Letters», cientistas da Universidade Técnica de Munique referem que a explosão terá mudado o clima terrestre há três milhões de anos, quando os antepassados do homem se converteram em bípedes.
Segundo os investigadores, a conflagração poderá ter causado um aumento dos raios cósmicos durante cerca de 300 mil anos, os quais terão alterado as temperaturas do planeta.
Nesse momento, de acordo com estudos antropológicos, a variação das condições climáticas causou uma diminuição das florestas africanas e o aparecimento das savanas.
Essas modificações do habitat forçaram os primeiros hominídeos a abandonar as árvores para procurar alimentos e a começar a utilizar apenas as extremidades inferiores nas deslocações.
O grupo de cientistas alemães disse ter encontrado isótopos de ferro-60 numa camada de sedimentos a cerca de cinco mil metros de profundidade no oceano Pacífico, perto da linha do Equador, a sul das ilhas Hawai.
Esse tipo de isótopo, de 2,8 milhões de anos de antiguidade, é uma variante de ferro muito rara na Terra e, segundo os cientistas, a sua origem está numa supernova cuja explosão lançou para a Terra não só matéria sólida na forma de ferro mas também outros elementos, além de raios cósmicos.
Na perspectiva dos cientistas, esse bombardeamento poderá ter afectado a camada de ozono, permitindo o impacto de uma maior quantidade de raios ultravioleta do Sol e uma provável consequente mudança climática.
Todavia, os investigadores admitem não estar confirmado que «esse aumento na intensidade dos raios possa ter influenciado o clima de forma considerável», apesar de assinalarem que o facto coincide com a alteração do clima africano, que era muito mais árido há 2,8 milhões de anos.