Os placebos, comprimidos inertes ministrados para obter efeitos sugestivos ou morais, podem não ser tão eficazes como se supunha. É o que nos diz um estudo publicado quinta-feira no «New England Journal of Medicine».
Corpo do artigo
A utilização de placebos começou por ser orientada para testes a novos medicamentos e instrumentos médicos, para aferir da sua eficácia. Descobriu-se que, em muitos casos, o efeito psicológico dos placebos causava alterações benéficas no estado de saúde dos pacientes. Mas este estudo norte-americano revela que o efeito dos placebos pode ser nulo.
Foi efectuado um análise exaustiva de 114 casos médicos publicados num período de 53 anos, concluindo-se que na maior parte dos casos os placebos não são mais eficientes que a ausência de qualquer tratamento. A única excepção pode ser o alívio da dor, pois esta é uma sensação bastante subjectiva.
Da Dinamarca também se levantam vozes a questionar a eficácia dos placebos. Os investigadores dinamarqueses Asbjorn Hrobjtarsson da Universidade de Copenhaga e Peter Gotzsche do Centro Nórdico Cochrane, concordam na afirmação de que «não há justificação para o uso de placebos».
A visão convencional sobre os placebos (baseada principalmente num estudo publicado em 1955 no Journal of the American Medical Association que afirmava que os placebos melhoraram a condição dos doentes em 35 por cento dos casos), é posta em causa por estas opiniões.
O doutor John Baillar III, autor do estudo publicado no New England Journal of Medicine, afirma mesmo que os placebos não são inócuos, pois «eles podem desviar os pacientes de tenatrem procurar tratamentos mais eficazes, podem mascarar os sintomas que requerem atenção, além de representarem um custo adicional no tratamento, e podem ter efeitos psicológicos indesejados».