A greve dos mineiros de Neves Corvo continua, mas esta manhã, ao chegarem à mina, os trabalhadores depararam-se com elementos do corpo de intervenção, que estavam no local para permitir a entrada a quem quisesse trabalhar.
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A greve dos mineiros de Neves Corvo continua. Esta manhã ao chegarem ao local de trabalho depararam-se com mais de uma centena de polícias do corpo de intervenção, para permitir a entrada na mina a quem quisesse trabalhar.
Depois da entrada do turno das 8:00 com a ajuda do corpo de intervenção, polícias e mineiros ficaram frente a frente.
Segundo Eduardo Lázaro, do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM), «os mineiros limitaram-se a ficar de costas viradas para as forças policiais».
O sindicalista manifestou «revolta» pelas declarações proferidas quarta-feira pelo director de recursos humanos da Sominpor-Neves Corvo, Raul Araújo, que, segundo o STIM, «admitiu ter havido violação da lei da greve, com a substituição de trabalhadores».
«Nós apenas queríamos falar com os responsáveis pelas estruturas hierárquicas que estavam a entrar de turno, para lhes pedir que não voltassem a substituir os seus subordinados», disse.
Na altura, os grevistas e sindicalistas esperavam ainda pelos restantes mineiros, na tentativa de persuadi-los a juntarem-se aos companheiros grevistas.
As forças policiais, contudo, forçaram uma ala para as pessoas passarem, viabilizando assim a passagem a quem não aderiu ao protesto.
GNR «situação normalizada»
O comandante do efectivo da GNR destacado para Neves Corvo garantiu hoje que a intervenção policial de hoje de manhã visou «impedir a coacção de trabalhadores que queriam entrar na Somincor».
O comandante do Grupo Territorial de Beja da GNR garante ainda que no local se encontra um efectivo na ordem dos 160 guardas, seis dezenas dos quais pertencentes ao Batalhão Operacional.
Ainda segundo o comandante, a situação está agora «normalizada», mas os efectivos da GNR vão permanecer mais algum tempo na zona, dentro das carrinhas e jipes, para garantir que «não se transforma tudo, outra vez, na lei da selva».
«Os grevistas têm direito ao seu protesto, mas quem quer ir trabalhar também tem direito a entrar na mina sem sofrer inibições ou coacções de qualquer natureza. Impedir a circulação na estrada é coacção porque as pessoas, para não terem problemas, acabam por voltar para trás», afirmou.
Este foi o oitavo dia de greve dos mineiros de Neves Corvo, numa acção convocada por tempo indeterminado.
Na quarta-feira, às 15:30, foram registados confrontos físicos entre a polícia e os grevistas, quando estes tentaram lançar um contentor do lixo para bloquear a linha de caminho de ferro da mina e impedir a saída de uma locomotiva com vagões carregados de minério.
Aumentos salariais, prémios e subsídios, o fim da laboração contínua e o arquivamento de processos disciplinares a 218 trabalhadores são alguns dos pontos essenciais do caderno reivindicativo.